Marcelo planeava três ou quatro refeições seguidas com diferentes membros da família em mesas com um máximo de cinco pessoas.
O Presidente da República e recandidato a Belém, Marcelo Rebelo de Sousa, adiantou aos jornalistas, esta quarta-feira, que mudou os planos que tinha anunciado, no seguimento das críticas de especialistas que diziam que eram um mau exemplo.
Numa entrevista na segunda-feira à TVI, Marcelo indicou que entre dia 23 e 26 de dezembro pretendia fazer três ou quatro refeições com diferentes partes da família, sempre com cinco pessoas à mesa, como medida para evitar o contágio da Covid-19.
Antes do recuo hoje anunciado, o presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia garantiu à TSF que não era boa ideia fazer sucessivos almoços e jantares nesta época festiva com diferentes grupos de pessoas, mesmo que pequenos. Ou seja, pessoas que não fazem parte do mesmo agregado familiar porque não vivem na mesma casa. .
O Presidente disse pretender dar o exemplo, mas Paulo Paixão, presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia, refere que, apesar de ser boa a limitação de cinco pessoas por mesa, não é aconselhável fazer tantas refeições seguidas com diferentes grupos de pessoas.
"Se forem cinco pessoas em cada refeição, no total estamos a falar de umas 20 pessoas... Aquilo que temos de perceber é que independentemente do número de pessoas em cada reunião familiar, até podemos ter almoços e jantares com duas pessoas, mas quanto mais pessoas contactamos, maior a probabilidade de apanhar alguém infetado", adianta o especialista, que sublinha que assim o risco "vai aumentando e começa a ser mais significativo".
"Provavelmente temos hoje uma em cada cem pessoas com infeção, pelo que, se almoçar com vinte, vou aumentar a probabilidade de ficar com Covid-19, não me parecendo que seja a melhor estratégia, pelo menos na forma como foi comunicada", refere Paulo Paixão.
O bastonário da Ordem dos Médicos compreende Marcelo Rebelo de Sousa, pois a intenção de separar a família em diferentes sítios é uma "boa ideia" que o Chefe de Estado tentou transmitir aos portugueses.
O problema, acrescenta Miguel Guimarães, é que no caso do Presidente "é evidente que, estando em vários almoços e jantares em tantos dias seguidos, se poderá infetar alguém se as regras não forem cumpridas".
"Se as regras forem cumpridas", adianta o bastonário, "é difícil que essa infeção aconteça", nomeadamente porque a probabilidade de desenvolver em tão pouco tempo uma infeção ativa e transmiti-la a outros membros da família é extremamente baixa.
Este caso leva Miguel Guimarães a reforçar a necessidade das autoridades de saúde indicarem até ao dia de Natal um número, concreto, de pessoas, que devem estar sentadas numa ceia de Natal.
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