A vacinação contra a Covid-19 está a ser feita no Hospital Pediátrico, junto ao serviço de Urgência. O dispositivo montado permite que sejam vacinadas 60 pessoas por hora.
Rui Torres trabalha todos os dias com doentes Covid-19. Enquanto aguarda na fila, o enfermeiro conta que na família há "muitos médicos e muitos enfermeiros, todos na linha da frente" de combate à pandemia. Por isso, também vão ser vacinados contra a Covid-19.
"Como estamos a cumprir o mesmo, acaba por se tornar igual para todos e vamos vivendo isto juntos, a apoiar-nos uns aos outros e com muita proteção." Embora lide diariamente com o vírus, para Rui Torres esta vacina "é mais uma, igual às outras. Só é diferente por causa deste mediatismo todo". Ainda assim, garante que "as expectativas são boas e a esperança é muita".
A vacinação decorre junto ao serviço de urgência do Hospital Pediátrico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). No local foi montado um dispositivo que prevê que sejam vacinadas 720 pessoas por dia, a um ritmo de dez pessoas a cada dez minutos, num total de 60 pessoas por hora. Antes de serem vacinados, os profissionais de saúde aguardam para serem chamados.
Mais à frente na fila, Andreia Valente e Maria da Assunção agradecem a rapidez com que a vacina surgiu. "Nós trabalhamos em Covid-19, nos Cuidados Intensivos", por isso, "a vacina é urgente", salienta Andreia, que garante não estar nervosa com a imunização, "só com a fila de espera, tão grande". Habituada a lidar com o risco de contágio, diz que se sente "mais segura a trabalhar" do que a "andar na rua". Mesmo vacinada, sente que "ainda nada é seguro. Enquanto as vacinas não começarem a comprovar que não há perigo nem para nós nem para os outros, temos um longo caminho" a percorrer.
Para a auxiliar de Cuidados Intensivos a chegada da vacina foi "muito rápida", mas confia no processo. Já a amiga, Maria, teme a rapidez. "Ainda bem que chegou rápido, mas tenho receio. Mas acho que a devo levar, tenho crianças em casa", lamenta. "Graças a Deus não houve nada até agora, e já lá estamos desde março! Mas mesmo assim... Qualquer hora é hora", por isso, apesar do medo, quis ser vacinada.
Também Isabel Tourais, médica, garante que não está nervosa, apenas um pouco "apreensiva, principalmente pelos efeitos a longo prazo, que ninguém sabe quais são". No entanto, não hesitou quando foi chamada para ser vacinada. Mesmo ao lado, Maria Paula Costa considera que o medo que as pessoas têm existe apenas devido à "falta de informação". "Isto é como qualquer outra vacina, por isso, se as pessoas se informarem estão tranquilas", acrescenta a técnica de radiologia.
Jacinto Oliveira, gestor de risco clínico e não clínico, responsável pela vacinação no CHUC, conta que o primeiro dia ficou marcado por alguma ansiedade, mas que esse sentimento se fez notar mais nas primeiras horas da manhã. "As pessoas vão-se cruzando, vão comunicando e a tranquilidade dos primeiros [a ser vacinados] acaba por tranquilizar quem vem depois", destaca o enfermeiro.
Depois de serem vacinadas, os profissionais de saúde esperam meia hora no hospital para garantir que não há nenhuma reação alérgica. Em Coimbra, a vacinação vai acontecer até quarta-feira, dia 30.