Precisamos de mais coerência na mensagem e na ação, com total transparência e com capacidade dos poderes públicos para fazerem cumprir as restrições que impõem a todo o país. Precisamos de mais e melhor planeamento para utilizar todo o sistema nacional de saúde (setores público, social e privado). Precisamos de que todos façam a sua parte, porque o sucesso deste combate depende de cada um de nós fazer a sua parte.
O tempo não volta para trás e não ressuscitamos os mortos de Covid, que já são mais de 11 mil, nem os mortos não Covid, num excesso de mortalidade com números de igual dimensão. Nem sequer vamos a tempos de evitar o sofrimento dos que estão internados nos hospitais em unidades de cuidados intensivos, nem dos que lá vão chegar nos próximos dias. Mas vamos a tempo de evitar que a escalada continue. É para isso que serve este confinamento.
Ninguém está preparado para um pandemia que nos coloca numa espécie de prisão domiciliária, pela segunda vez, com possibilidade de um passeio higiénico, uma ida ao supermercado ou à farmácia. Ninguém está preparado para um estado de emergência que já deixou de ser extraordinário e passou a ser o novo normal e que ameaça prolongar-se por seis meses, até ao verão. Ninguém está preparado para o teletrabalho com os filhos em casa em aprendizagem à distância, nem para viver com a ideia de que o futuro dos seus filhos está a ser sacrificado, porque há danos que são irrecuperáveis no ensino feito desta forma. Ninguém está preparado para todos estes sacrifícios, alguns dos quais só existem porque uns negacionistas - como referiu ontem o Presidente - deitam tudo a perder com as suas atitudes irresponsáveis. Não estamos preparados para nada disto, mas encontramos sempre capacidade para nos adaptarmos ao que julgávamos impossível. Para o que não há solução é para a morte.