Sociedade

"Valem menos." Pessoas com trissomia 21 continuam sem acesso à vacina

O fundador da Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21 fala em discriminação Gerardo Santos / Global Imagens

Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21 enviou uma carta ao Governo que tem por base vários estudos científicos que provam que estes doentes devem ser considerados de risco.

Apesar das alterações ao plano de vacinação contra a Covid-19, as pessoas com trissomia 21 continuam sem acesso à vacina. A questão levou a Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21 a enviar uma carta ao Governo no mês passado.

O documento, assinado por 25 especialistas, tem por base vários estudos científicos que provam que estes doentes devem ser considerados de risco, mas a task force considera o contrário. Miguel Palha, fundador da associação, fala em discriminação.

"Ninguém o diz, isso era politicamente incorreto, mas na verdade julgo que é isso que está na base da decisão. As pessoas com trissomia 21 valem menos, tal como as pessoas idosas valem menos. São capazes de apresentar argumentos, mas neste caso nem apresentaram nenhum", explicou à TSF Miguel Palha.

O envelhecimento precoce e a baixa imunidade são alguns argumentos que levam a associação a defender a vacinação prioritária para os adultos com trissomia 21.

"Comparando as pessoas com mais de 80 anos hospitalizadas e as com mais de 40 anos hospitalizadas com trissomia 21, ambos os grupos tiveram taxas de letalidade equivalentes. Todos sabemos que eles têm um processo de envelhecimento muito precoce, raramente ultrapassam os 60 anos", afirmou o fundador da Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21.

Apesar da recusa das autoridades portuguesas, o fundador da Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21 dá o exemplo de outros países.

"Em França foram considerados e, em Inglaterra, consideram que os indivíduos com trissomia 21, com mais de 16 anos, entram no grupo 3 de prioridade, logo abaixo dos indivíduos com 80 anos. Para nós teria sido aceitável uma decisão simular", acrescentou Miguel Palha.

Opinião diferente tem a task force para o plano de vacinação contra a Covid-19 em Portugal, que não considera prioritárias as pessoas com trissomia 21.

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