Daniel Oliveira considera "grave" o apelo do movimento zero "à insurreição dos polícias para que não cumpram a lei e não façam cumprir a lei". Este movimento - que o comentador define como "um grupo clandestino bastante numeroso que funciona impunemente dentro da nossa polícia" - é crítico das medidas de confinamento do estado de emergência e deixou claro, numa publicação no Facebook, que ou o poder político lida com a pandemia que este movimento acha que deve lidar ou "arrisca-se a não ter a contribuição das polícias".
No espaço de opinião que ocupa na antena da TSF à terça-feira, Daniel Oliveira esclarece que "a liberdade de debate sobre as medidas de confinamento do estado de emergência é total e os polícias não são cidadãos de segunda", ou seja, "têm todo o direito a ter a sua opinião em relação ao estado de emergência". No entanto, o comentador considera "criticável que o façam de forma anónima".
O jornalista acredita "que este apoio não terá eco na esmagadora maioria dos agentes da PSP, mas nem por isso deve deixar de nos preocupar, sobretudo porque não mereceu qualquer reação por parte da Direção Nacional da PSP, como se fosse normal agentes da PSP de um movimento clandestino apelarem a um não-cumprimento da lei e à não-aplicação da lei".
Para Daniel Oliveira, "parece evidente que os objetivos deste grupo são objetivos subversivos, introduzirem-se nas forças de segurança, atuam sem qualquer poder e o objetivo é para que não se cumpra a lei do estado de emergência, contribuindo para o caos no país e sabotando, assim, o confinamento".
O comentador defende que a hierarquia da PSP está "de pernas para o ar" e é por isso que "temos movimentos subversivos que funcionam clandestinamente dentro da Polícia de Segurança Pública". Daniel Oliveira diz ainda ter "a sensação de não haver qualquer garantia de que alguma vez este tipo de discurso seja punido".
Daniel Oliveira assegura que "o movimento zero já mostrou várias vezes que manda na Direção Nacional da PSP que, por sua vez, manda no ministro da Administração Interna. Não são só líderes demasiado fortes que são perigosos para a democracia. Como se prova neste caso, os líderes demasiado fracos também o são".
"Estes agentes da PSP - que eu não acredito que o diretor nacional da PSP não saiba quem são - apelam à insubordinação dos agentes da PSP a não cumprirem a lei nem a fazerem cumprir a lei e nada acontece. Eu não acho que haja complacência, acho que há medo. Acho que o diretor nacional da PSP tem medo do movimento zero, tem medo de agir. Não tem autoridade sobre a PSP da mesma maneira que o ministro também não tem autoridade sobre o diretor nacional da PSP", remata.