A escola não contagia. A cobardia sim, contagia. A desorganização também contagia, tanto como a incompetência e o mesmo que a ignorância. Tenho de corrigir, a escola contagia... de felicidade, tanto como de saber e o mesmo que de justiça.
Estamos todos a desistir de uma geração, simplesmente porque é muito mais fácil prender em casa um milhão de crianças e jovens, por tempo indeterminado, transformando os pais em carcereiros, do que lhes dar a educação que elas merecem. Se tivéssemos a noção do mal que lhes estamos a fazer, talvez tivéssemos vergonha, mas a maioria de nós julga-se vítima de uma pandemia que, depois de todos os males reais e imaginários, ainda nos obriga a ter de ensinar os filhos.
Ter as escolas abertas, abri-las quanto antes de forma gradual, começando pelos mais novos é a única coisa razoável a fazer para acabar com esta farsa do ensino à distância, onde metade não tem as condições físicas (espaço próprio, computador e internet), nem família com capacidade para ajudar, e onde ninguém está a progredir na aprendizagem como deve ser.
Para ter as escolas abertas basta tê-las organizadas como estavam antes do confinamento, responsabilizando pais e alunos pela ida para a escola e o regresso a casa, sem desvios pelo caminho. Testes rápidos e rastreio sempre que um aluno, um professor ou um auxiliar educativo estiverem doentes, sem esquecer de colocar professores e auxiliares nas prioridades de vacinação.
No ano letivo anterior, foi-se parte do segundo período e todo o terceiro período. Não aprenderam nem metade do que deviam aprender. Este ano tiveram o primeiro período, entraram cheios de vontade no segundo, no que já aparentava ser a nova normalidade, mas foi sol de pouca dura e agora dizem-lhes que a a escuridão está para durar.
Esta geração ioiô vive período não, período sim, período não, período talvez, depois da Páscoa. Quem sabe? Dois anos lectivos deitados ao lixo, ou quase, porque a preguiça não nos permite cumprir com as nossas obrigações. É triste, a facilidade com que desistimos de dar a uma geração inteira a escola que lhes faz falta. Se ao menos soubéssemos o mal que lhes estamos a fazer, poderíamos ter vergonha.