Sociedade

Fim do inverno e vacinas podem não ser suficientes para travar variantes

José Sena Goulão/Lusa

Peritos europeus pedem urgência aos governos no plano de vacinação, mesmo que, com as variantes, as vacinas possam não ser tão eficazes como se pensava inicialmente.

O Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) teme que boa parte dos ganhos conseguidos nos últimos tempos na luta contra a Covid-19 sejam colocados em causa pelas variantes.

Os países podem ser obrigados a avançar com medidas mais musculadas, mesmo com a chegada das vacinas e do tempo mais quente que se espera que acalme a pandemia.

Os alertas estão num novo relatório publicado esta segunda-feira que atualiza o grau de risco do SARS-CoV-2 no velho continente para "alto a muito alto" entre a população em geral e para "muito elevado" entre as pessoas mais vulneráveis.

Vários países - nomeadamente Portugal - têm registado um recuo nas infeções nas últimas semanas, mas o documento avisa que as análises matemáticas revelam que a não ser que as medidas de distanciamento continuem ou sejam mesmo reforçadas nos próximos meses, as infeções e mortes arriscam-se a aumentar de forma "significativa".

"Apesar da vacinação mitigar o efeito de substituição da pandemia com variantes mais transmissíveis e da sazonalidade potencialmente reduzir a transmissão nos meses de verão, relaxar as medidas prematuramente vai levar a um rápido aumento das taxas de incidência, casos severos e mortalidade", diz o documento.

O ECDC está sobretudo preocupado com as variantes que podem colocar em causa grande parte do caminho já feito no combate à pandemia, nomeadamente nos ganhos esperados com as campanhas com as vacinas atualmente aprovadas que se arriscam a ser "parcialmente" ou mesmo "muito menos" eficazes.

Teme-se que as variantes sejam mais transmissíveis e levem a formas mais graves da doença.

A atenção do ECDC está virada para as estirpes com origem na África do Sul, Brasil e sobretudo no Reino Unido que tem um peso cada vez mais relevante nos vários países europeus, nomeadamente em Portugal com 45% dos novos casos - o segundo país da União Europeia com uma proporção mais elevada desta estirpe.

O ECDC avisa que se uma variante 70% mais transmissível substituir aquelas que estavam em circulação na Europa, as medidas em vigor no final de janeiro não vão ser suficientes para prevenir um aumento "substancial" da mortalidade associada à pandemia.

Para mitigar os problemas potenciados pelas variantes, os peritos pedem aos países europeus que acelerem a vacinação dos grupos de risco.

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