Sociedade

Hospitais tiveram menos dois milhões de urgências num ano. Quebra agravou-se em dezembro

Pedro Rocha/Global Imagens

Vários indicadores que medem o acesso dos portugueses à saúde voltaram a agravar-se no final de 2020.

O último ano teve menos dois milhões de episódios de urgência a chegarem aos hospitais, numa quebra que afetou todos os graus de gravidade da triagem - do mais ao menos grave - e que teve em dezembro o seu máximo.

No último mês do ano, com Portugal a viver uma fase de transição da segunda vaga para a terceira da Covid-19, os hospitais tiveram menos 65% das urgências registadas em dezembro de 2019.
Estes são alguns dos números que deixam os especialistas preocupados sobre a herança que a pandemia vai deixar à saúde em Portugal e foram recolhidos e analisados pelo Movimento Saúde em Dia - uma iniciativa da Ordem dos Médicos e da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares com base em números oficiais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em quase todas as áreas de assistência médica, da enfermagem ou dos meios complementares de diagnóstico o cenário foi de quebra abrupta em março e abril durante o primeiro estado de emergência, mas depois, ao longo dos meses, os números foram ficando mais equilibrados, mesmo que nunca se tenha atingido o patamar de cuidados de saúde de 2019.

No entanto, quase tudo voltou a agravar-se no final de 2020, nomeadamente a diminuição da procura por urgências hospitalares.

A descida no total de consultas médicas (presenciais e à distância) nos centros de saúde também teve um novo máximo, ou seja, -21% - mais que os 19% do primeiro estado de emergência em abril.
Nas cirurgias urgentes a queda não foi tão grande como em abril (-24%), mas andou lá perto em dezembro, chegando aos 21%.