Diretor do Programa Nacional de Saúde Mental concretiza que vão ser criadas 40 equipas comunitárias para trabalhar diretamente casa a casa e, assim, evitar internamentos desnecessários.
O Plano Nacional de Saúde Mental começa a ganhar corpo. O jornal Público conta, esta sexta-feira, que, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), há 85 milhões de euros para serem gastos nesta área.
Em declarações ao jornal, o diretor do Programa Nacional de Saúde Mental, Miguel Xavier, concretiza que vão ser criadas 40 equipas comunitárias para trabalhar diretamente casa a casa e, assim, evitar internamentos desnecessários. É um objetivo a pôr em prática nos próximos cinco anos.
"Na boa saúde mental que se vê em Inglaterra e nos países nórdicos, as pessoas só vão ao hospital na fase aguda. De resto, são sempre tratadas em casa. Portanto, nesta primeira parte do PRR, queremos criar mais 40 equipas comunitárias de saúde mental - 20 de adultos e 20 de crianças e adolescentes", revelou Miguel Xavier.
O responsável pelo Programa Nacional de Saúde Mental volta a sublinhar, tal como já tinha feito à TSF há cerca de um mês, a importância da intervenção não farmacológica, que ficará a cargo dos centros de saúde.
"Já há psicólogos nos centros de saúde, não são é em número suficiente para fazer avançar estes programas, que precisam de gente dedicada a isto a tempo inteiro. Estou a falar da criação de programas de intervenção não farmacológica nos cuidados de saúde primários, como existem por toda a Europa, e que, além dos psicólogos, incluem os médicos de família e os enfermeiros, se for necessário", acrescentou o diretor do Programa Nacional de Saúde Mental.
Na entrevista, Miguel Xavier anuncia ainda que se pretende retomar o trabalho interrompido em 2011 e que, para tirar os doentes agudos dos hospitais psiquiátricos, serão criadas quatro unidades em hospitais gerais: no Médio Ave, em Santa Maria da Feira, no Centro Hospitalar do Oeste, na zona de Caldas da Rainha e Peniche, e na região mais ocidental da Amadora.
"Além disso, queremos organizar os serviços de psiquiatria como centros de responsabilidade integrada, com uma gestão autónoma. Gostávamos de começar com cinco e de alargar este número nos anos seguintes", afirma.
Quanto aos serviços forenses, onde estão os doentes inimputáveis, Miguel Xavier diz que o PRR vai "permitir resolver o problema do internamento dos doentes forenses na região Centro, no Hospital Sobral Cid", onde vai ser criada "uma estrutura que seja de acordo com os direitos humanos dos doentes".
O responsável aponta ainda a ausência de mecanismos de transição para a comunidade dos doentes que acabam a pena, frisando que o que está idealizado é a criação de estruturas de transição para a comunidade.
"E vão ser criadas três: no Júlio de Matos, no Magalhães Lemos e no Sobral Cid", avança.