Sociedade

Postcrossing: a troca de postais entre desconhecidos de todo o mundo

DR/Escola Profissional Espinho

Desde 2005 que o postcrossing enche caixas do correio de todo o mundo. Por cada postal enviado, há sempre um que é recebido. Esta plataforma conta já com 800 mil pessoas de mais de 200 países.

Ana Campos é uma das fundadoras do postcrossing e já perdeu a conta aos postais que recebeu e enviou. Conta que a ideia surgiu em 2005, pela mão do amigo Paulo Magalhães, engenheiro informático. "Ele gostava muito de postais e não havia muitas pessoas a enviarem postais, depois questionou os amigos e achou que haveria mais pessoas como ele e, se arranjasse forma de estas pessoas se ligarem, podiam enviar postais uns aos outros e encher as caixas do correios."

Criou um site, as letras espalharam-se pelo mundo e o que começou por ser uma brincadeira ganhou dimensões surpreendentes. "Começou com uma ambição de receber alguns postais e, de repente, percebemos que havia muito mais pessoas a gostar de postais do que o nosso grupo de amigos. Atualmente, somos mais de 80 mil e trocamos mais de 60 milhões de postais, estamos em 207 países e territórios."

Ana Campos explica que, sempre que alguém envia um postal, é certo que também recebe. "A pessoa regista-se no site, diz que quer enviar um postal a alguém. O site sorteia uma morada de outro membro e entrega a esta pessoa. Cada postal tem um código e envia-se pelo correio normal. Quando o postal chega ao destino, o destinatário pega no código e escreve no site que recebeu um postal com o código x. Assim, temos a certeza de que foi entregue. Depois, pegamos na morada da pessoa que enviou e entregamos a uma outra pessoa inscrita na plataforma e que pode ser de qualquer parte do mundo."

No último ano, em plena pandemia, o postcrossing foi refúgio para muitos. "As pessoas estão mais em casa e é uma forma de viajar sem sair, traz mundo às pessoas."

Os alunos do Curso de Técnico Comercial da Escola Profissional de Espinho fazem parte dos que encontraram nos postais uma forma de viajar sem sair de casa. A ideia partiu da professora de economia Raquel Vasconcelos. "Pensei que era uma forma de conhecerem o mundo e praticarem outras competências como a língua inglesa. Inscrevi o grupo, falei com a professora de inglês e achámos que era uma forma lúdica e de aprendizagem para sairmos das nossas fronteiras e conhecermos um pouco do mundo."

Os alunos têm idades entre os 16 e os 19 anos, muitos nunca tinham enviado ou recebido um postal. Através do postcrossing, já trocaram correspondência com desconhecidos dos Estados Unidos, Finlândia e Rússia. Catarina Cacheda tem 19 anos, faz parte do grupo de alunos que se juntou à comunidade de postcrossing e confessa que nunca tinha escrito ou recebido um postal na caixa do correio. "A nossa geração não está familiarizada com estas plataformas. Eu gosto muito de escrever à mão e achei um desafio divertido escrever o postal, o cuidado de ter que caber tudo..."

Os postais enviados pelos alunos da Escola Profissional de Espinho foram escritos durante a aula de inglês. "Escrevemos uma parte todos juntos, uma apresentação, e depois uma parte pessoal. Fiquei com uma senhora que tem um gato e gosta muito dele e, como eu também tenho uma gata, falei sobre esta paixão comum."

Ana Campos guarda todos os postais. "Gosto muito de receber postais de crianças, vê-se o cuidado que têm em cada palavra, a letra muito redondinha. Mas também gosto de receber postais de avós, do outro lado do mundo, e que contam coisas que não estávamos à espera. Cada postal tem uma história e carrega um pouco da história de quem o escreveu! É sempre uma experiência muito bonita."

Qualquer pessoa pode registar-se nesta plataforma e viajar através das palavras.