Estudo realizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos mostra que a população jovem registou ainda um aumento do consumo de álcool, tabaco e drogas durante a pandemia de Covid-19.
Os jovens são os que mais sofrem com os impactos indiretos da pandemia de Covid-19, de acordo com um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, apresentado esta segunda-feira.
O estudo, feito entre março e maio, ouviu cerca de 2300 pessoas e conclui que metade dos jovens entre os 15 e 20 anos aumentou de peso e passou a dormir mal, sendo que 20% começou a fumar e a beber mais álcool e houve ainda 11% a iniciar-se no consumo de medicamentos psicotrópicos, durante a pandemia.
No entanto, os problemas de saúde mental atingiram todos os entrevistados, não apenas os jovens. No último ano, por cada 20 dos inquiridos neste estudo, seis sentiram-se sozinhos, quatro queixaram-se de pouca intimidade com as pessoas mais próximas e três sentiram-se distantes das pessoas que consideram mais importantes. Um em cada 20 entrevistados desenvolveu até doenças crónicas graves, incluindo uma doença mental.
As conclusões do estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos surpreenderam os próprios investigadores. A coordenadora Maria Manuela Calheiros salienta, em declarações ao Diário de Notícias, que a geração jovem acabou por sofrer um "impacto indireto maior e com diferenças significativas".
Em declarações à TSF, Maria Manuela Calheiros sublinha que a situação é preocupante: "Não temos dados em relação a esta faixa etária e a este tipo de consumos antes da pandemia (...), mas é relevante e temos de pensar na forma como atuar em relação às consequências indiretas".
"Devíamos, primeiro, perceber as necessidades destes jovens durante este período, porque é que estes consumos e estes problemas surgiram, e levá-los a uma maior participação nas tomadas de decisão sobre como colmatar isto - possivelmente até as questões da aprendizagem, porque têm impactos ao nível do desenvolvimento escolar e sociocognitivo", aponta.
O estudo, que irá continuar até ao próximo ano, revela que o teletrabalho e a telescola tornaram a vida das famílias mais difícil, com a partilha de computadores, acesso à internet, espaço e privacidade. Houve 43% de inquiridos a queixar-se de que a falta de equipamentos levou a mais conflitos em casa.
Outro dado curioso indicado nesta investigação é que, ao contrário do que se poderia pensar, não são os mais velhos aqueles que têm mais medo de contrair Covid-19. Na realidade, o sentimento de medo é maior entre a população ativa, com idades entre os 41 e os 70 anos.
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Notícia atualizada às 9h59