Sociedade

Número de dádivas de sangue cai há dez anos consecutivos

Dádiva de sangue Pedro Granadeiro/Global Imagens

Numa década, as doações foram reduzidas em 131 mil. Há também menos 105 mil dadores.

Há dez anos que o número de dádivas de sangue continua a diminuir. Em 2010, houve 420 mil doações, que comparam com as menos de 280 mil, referentes a 2020. Em dez anos, o número de dádivas foi diminuído em 131 mil. No último ano, marcado pela pandemia, a quebra foi de 7%.

Em 2020, houve também menos 12 mil dadores, em comparação com os do ano anterior. Os relatórios de atividade transfusional e do Sistema Português de Hemovigilância, a que o Jornal de Notícias teve acesso, mostram ainda que o número de dadores cai consecutivamente há dez anos. Em 2010, esse número ascendia aos 293 mil, mas, em 2020, houve menos do que 189 mil dadores., o que significa que, em dez anos, foram reduzidos em 105 mil. A maioria é do sexo feminino, o que acontece pela primeira vez.

Para combater esta tendência, a Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue pede que o estatuto do dador seja revisto, e insiste na reposição da despesa de serviço sem perda de regalias no dia da doação.

Contudo, entre 2019 e 2020, o número de novos dadores subiu. Quase 25 mil pessoas foram dar sangue pela primeira vez no ano de 2020.

Alberto Mota, presidente da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue, diz que é urgente rever a estratégia do Governo, até porque "não foi a pandemia que veio tirar dadores", nem justifica a tendência na totalidade."Foi um problema que nos apareceu no ano passado, mas esta quebra de dadores está a verificar-se consecutivamente desde 2010, o último ano em que estávamos tão perto da autossuficiência de sangue em Portugal..."

O responsável comenta que "não se tem feito grande trabalho para que o Ministério da Educação e o Ministério da Saúde montem uma linha de coordenação", e exorta: "Tem de haver uma estratégia para promover a dádiva de sangue. Se temos uma faixa etária tão elevada, temos de entrar pelas escolas, pelas universidades."

Alberto Mota não tem dúvidas de que a quebra de doadores acontece desde que lhes foram retirados benefícios.

Rui Polónio e Rute Fonseca