Na horta comunitária de Silves os utentes consideram que mexer na terra é uma terapia.
Quem ocupa talhões de terra na horta comunitária de Silves tem orgulho em mostrar o que planta a quem ali chega. "É tomates, cenouras, pepinos, batata-doce, tudo o que está na terra dá", conta satisfeito João Carlos, 69 anos. Com pais agricultores, soube como tratar da terra ainda bem pequeno. No entanto, a vida levou-o por outros caminhos. Foi motorista de profissão, mas nestes últimos tempos o pedaço de terreno a que se candidatou na horta comunitária de Silves, criada em 2019, tem sido uma forma de fugir às agruras de uma pandemia.
"Isto é uma riqueza", exclama. Pergunto-lhe se funciona como uma terapia. Responde que " foi a melhor coisa" que aconteceu nos últimos tempos. Uma "riqueza" que lhe enche a alma, durante o tempo em que está debruçado sobre as suas frutas e hortaliças. Num talhão lá próximo José Carvalho, que trabalhou toda a vida como construtor civil, anda de enxada a tirar ervas daninhas, a regar o que tem plantado. "As plantas são como as mulheres", garante. " Precisam que falem com elas", sorri.
A câmara de Silves, que instalou e gere esta horta comunitária, também tem um talhão e habitualmente dá o que a terra ali produz às instituições de solidariedade social do concelho.
Neste dia, a presidente da autarquia vai "deitar um olho"ao que andam a fazer estes agricultores.
" Então como é que vai essa horta?", pergunta Rosa Palma aos dois "agricultores". "Vai bem", respondem. A autarca explica que há pessoas de todos os géneros a gerir os talhões de terra. "Temos pessoas que são reformadas e têm maior disponibilidade e outras que vêm aqui ao fim do dia porque isto também funciona como uma terapia", considera.
O que João Carlos planta é também um complemento do rendimento familiar. Diz que não vai ao supermercado comprar vegetais. O que ali produz dá para ele e para os 3 filhos. E no tempo que passa com as mãos na terra não pensa na pandemia. Ali, só há ar puro e muita alegria por ver crescer o que se plantou.