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Portugal disponível para receber 50 afegãos

AFP

Ministro dos Negócios Estrangeiros lembra que a UE tem "obrigações de proteger a vida dos muitos milhares de afegãos que colaboraram com as forças internacionais.

O ministro dos Negócios Estrangeiros admite que Portugal pode receber um total de 50 cidadãos afegão na sequência da tomada de poder por parte dos taliban naquele país.

"No quadro da UE foi pedido a todos os Estados-membros que participassem num primeiro esforço para garantir que várias centenas de pessoas que colaboraram com o serviço europeu de ação externa e com a embaixada europeia em Cabul fossem protegidas. Nós já indicámos a nossa disponibilidade para receber imediatamente 20 dessas pessoas. Já hoje, na reunião dos embaixadores da NATO, um esforço pararelo foi feito e nós também avançamos com uma primeira proposta de três dezenas a acolher imediatamente em Portugal", disse Augusto Santos Silva, em declarações à TVI24.

O chefe da diplomacia portuguesa lembra que a União Europeia "tem obrigações de proteger e de salvaguardar a vida dos muitos milhares de afegãos que colaboraram com as forças internacionais, como tradutores ou intérpretes, que hoje têm a sua segurança posta em perigo".

Numa primeira reação às primeiras palavras dos taliban, Augusto Santos Silva pede cautela, lembrando que está do lado dos radicais islâmicos provarem que aquilo que dizem corresponde à verdade.

"Os taliban têm-se multiplicado em declarações, dizendo que são muito diferentes hoje do que eram há 20 anos, que respeitarão os direitos das mulheres, em particular, o direito das mulheres à saúde, à educação, que querem fazer um governo inclusivo, com representantes das várias forças políticas afegãs. De facto, está nas mãos deles mostrarem que podemos confiar neles minimamente", disse.

Depois de tomarem 30 de 34 capitais provinciais em apenas dez dias, os talibãs entraram em Cabul no domingo, quase sem encontrarem resistência das forças de segurança governamentais, proclamando o fim da guerra e a sua vitória, o que assinalou o seu regresso ao poder no Afeganistão 20 anos após terem sido expulsos pelas forças militares dos Estados Unidos e seus aliados da NATO.

Foi o culminar de uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares estrangeiras, cuja conclusão estava agendada para 31 de agosto.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista, que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, considerado o autor moral dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.

Depois de terem governado o país de 1996 a 2001, impondo uma interpretação radical da 'sharia' (lei islâmica), teme-se que os extremistas voltem a impor um regime de terror, reduzindo a zero ou quase os direitos fundamentais das mulheres e das raparigas, embora estes tenham já assegurado que a "vida, propriedade e honra" vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.