Mundo

Governo britânico aprova extradição de Assange para os EUA. Amnistia deixa alerta

Julian Assange AFP (arquivo)

A ministra britânica do Interior, Priti Patel, deu luz verde à decisão de extraditar Assange para os Estados Unidos. Fundador do Wikileaks tem duas semanas para recorrer e, se perder, irá ser transferido para os EUA, onde enfrentará acusações de espionagem.

O Governo britânico aprovou a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, para ser julgado por acusações de espionagem, segundo a agência de notícias France-Presse.

Em abril, o tribunal britânico de Westminster autorizou a transferência do fundador do Wikileaks. Esta sexta-feira, o Governo de Londres, que tem a última palavra em casos de extradição, confirmou a decisão.

A ministra do Interior britânica, Priti Patel, foi a responsável por dar luz verde à extradição de Assange, que agora tem duas semanas para recorrer. Se o recurso for recusado, o australiano de 50 anos será transferido para os EUA, onde enfrentará acusações de espionagem.

A justiça norte-americana quer julgar Assange pela divulgação no WikiLeaks, desde 2010, de mais de 700 mil documentos sobre as atividades diplomáticas e militares norte-americanas, que revelaram dados secretos sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão.

Se for considerado culpado, Julian Assange pode ser condenado a um máximo de 175 anos de prisão, mas existem organizações de defesa dos direitos humanos que denunciam a possível prisão como um ataque à liberdade de imprensa.

Sobre essas alegações, o governo norte-americano afirma que o australiano não é jornalista, mas sim um hacker, que colocou em perigo a vida de vários norte-americanos ao publicar documentos completos, sem qualquer edição.

O fundador da Wikileaks está detido em Londres desde 2019 após um exílio de sete anos na Embaixada do Equador.

Amnistia Internacional diz que extradição põe "em risco" Julian Assange

A Amnistia Internacional considera que a autorização do Executivo britânico à extradição "põe em grande risco" o jornalista australiano, com a secretária geral da Amnistia Internacional (AI), Agnès Callamard, a lamentar em comunicado a decisão adotada pela ministra do Interior do Reino Unido.

"Permitir que Julian Assange seja extraditado para os Estados Unidos pode colocá-lo perante um grande risco e envia um 'recado arrepiante' aos jornalistas de todo o mundo", disse a responsável pela AI.

"Se a extradição se verificar (...) Assange pode enfrentar o risco de uma detenção prolongada", frisou Callamard.

"As garantias diplomáticas dos Estados Unidos de que Assange não vai ser submetido ao confinamento solitário não podem ser levadas a sério, dado o historial" no país, acrescentou.

"Pedimos ao Reino Unido que se abstenha de extraditar Julian Assange, que os Estados Unidos deixem cair as queixas e que Assange seja libertado", apelou a secretária-geral da organização não-governamental com sede em Londres.

Clara Maria Oliveira com agências