À TSF, o coordenador da investigação diz que a descoberta pode influenciar positivamente novas investigações.
Uma equipa de investigação da Universidade de Coimbra identificou uma anomalia genética num homem que viveu em Bragança há mais de mil anos. O indivíduo estudado possuía uma cópia extra do cromossoma X, ou seja, síndrome de Klintfelter.
Em declarações à TSF, o coordenador da investigação, João Teixeira, explica a raridade da doença.
"Ocorre em cerca de um em cada mil nascimentos de homens e não é expectável que através de uma análise de ADN antigo a partir de esqueletos, cujo número é limitado a nível da amostragem, se consigam observar este tipo de síndromes raras. Este é logo um achado inesperado que também nos surpreendeu", confessa o cientista.
O investigador conta que quem tem uma cópia extra do cromossoma X, ou seja, a síndrome de Klintfelter, apresenta características particulares: "São indivíduos que apresentam alterações do ponto de vista hormonal. Têm também elevada estatura, acima da média. Podem apresentar algum grau de obesidade e também osteoporose. Podem também apresentar um quadro de fertilidade relativamente reduzido."
Este homem "viveu no período medieval em Castro de Avelãs", revela João Teixeira, e "o ADN revelou tratar-se de uma pessoa cuja ancestralidade genética se encontra dentro daquilo que é expectável no ocidente europeu".
A descoberta inesperada deste homem pela equipa liderada por João Teixeira pode abrir portas a novas investigações. "Permitirá no futuro avaliar outros síndromes cromossómicos, como, por exemplo, a síndrome de Down. Nós podemos agora usar este método estatístico e o ADN antigo para avaliar qual é a evolução na frequência de diferentes síndromes ao longo do tempo.