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Irão "responsável" pela segurança de norte-americanos detidos em Evin

Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Stefani Reynolds/AFP

O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price, afirma que Washington está a seguir o desenvolvimento do incidente "com urgência".

O Irão é "totalmente responsável" pela segurança dos norte-americanos detidos na prisão de Evin, perto de Teerão, onde um incêndio e confrontos deflagraram no sábado, disse o Departamento de Estado norte-americano.

"O Irão é totalmente responsável pela segurança dos nossos cidadãos detidos injustamente, que devem ser libertados de imediato", escreveu, numa mensagem difundida na rede social Twitter, o porta-voz do Departamento de Estado.

Ned Price acrescentou que Washington estava a seguir o desenvolvimento do incidente "com urgência".

Um incêndio e confrontos ocorreram, no sábado à noite, na prisão Evin de Teerão, no final de mais um dia marcado por protestos antigovernamentais desencadeados pela morte de Mahsa Amini, iniciados há um mês.

"Confrontos foram registados no sábado à noite", confirmou um responsável da segurança iraniano, citado pela agência de notícias Irna.

Mas "neste momento, a situação está totalmente sob controlo e a calma regressou à prisão", acrescentou, atribuindo o fogo "a bandidos".

Um bombeiro no local disse, citado pela Irna, que "oito pessoas ficaram feridas no incêndio" na prisão, onde estão vários presos políticos. Centenas de pessoas detidas durante os recentes protestos foram alegadamente enviadas para Evin, de acordo com a agência de notícias France-Presse.

Na cadeia de Evin estão também detidos estrangeiros ou pessoas com dupla nacionalidade, como o académico franco-iraniano Fariba Adelkhah ou os norte-americanos Siamak Namazi e Emad Shargi.

Também o realizador iraniano Jafar Panahi, que recebeu vários prémios internacionais, e o político reformista Mostafa Tajzadeh, estão detidos neste estabelecimento prisional.

Mahsa Amini, de 22 anos, morreu a 16 de setembro, em Teerão, três dias depois de ter sido detida por violação do código de vestuário da República Islâmica, de acordo com a polícia.

Desde então, as mulheres iranianas têm liderado os protestos, com palavras de ordem contra o Governo, ao mesmo tempo que tiram e queimam os véus que devem usar na cabeça, enfrentando as forças de segurança nas ruas.

De acordo com a organização não-governamental Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo, pelo menos 108 pessoas foram mortas na repressão destes protestos e centenas foram detidas.

Na sexta-feira, o Presidente dos EUA, Joe Biden, declarou apoiar "as mulheres corajosas do Irão", apelando ao Governo de Teerão para "pôr fim à violência contra os seus cidadãos".

Os líderes iranianos acusaram Washington de desestabilizar o seu país fomentando "tumultos".

Estas manifestações no Irão são as maiores desde os protestos de 2019 contra o aumento dos preços da gasolina no país, rico em petróleo.