Mundo

Drones vendidos à Rússia? Irão nega "terminantemente" e UE ameaça com "sanções acrescidas"

Sergei Supinsky/AFP

João Gomes Cravinho conversou com homólogo do Irão sobre o recurso a drones, alegadamente de fabrico iraniano, pelas forças armadas russas na Ucrânia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, revelou esta segunda-feira que teve uma conversa telefónica com o homólogo iraniano na última sexta-feira na qual o governante negou "terminantemente" que o Irão tenha vendido drones à Rússia.

Em declarações aos jornalistas, no Luxemburgo, depois do Conselho de Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho disse que o ministro iraniano deu a mesma garantia a Josep Borrel, mas, mesmo assim, a União Europeia está à "procura de informação" sobre a utilização de drones de fabrico iraniano na Ucrânia por parte das forças armadas russas nos últimos dias, e se se confirmarem que as denúncias feitas pelas autoridades ucranianas correspondem à verdade, haverá consequências.

"Estamos a investigar, mas, naturalmente, se se verificar que foram vendidos drones iranianos à Rússia depois de 24 de fevereiro, haverá sanções acrescidas contra o Irão", avisou o governante português.

Esta segunda-feira, pelo menos três pessoas morreram e três pessoas ficaram feridas na sequência das explosões provocadas por drones kamikaze que atingiram a cidade de Kiev durante a manhã.

João Gomes Cravinho adiantou também que no encontro com os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE foi tomada uma "decisão importante" relacionada com uma missão de formação militar de apoio à Ucrânia. "Portugal também participará, bem como os demais países europeus", disse o ministro, assinalando que a missão estará sediada na Alemanha e na Polónia.

Em resposta aos jornalistas, João Gomes Cravinho lembrou que "há novos militares ucranianos que estão a entrar ao serviço e que precisam de formação e haverá também necessidade de formação especializada na utilização de certos tipos de equipamento".

"Aquilo que se está a prever é a ida de militares ucranianos para a Polónia e para a Alemanha para formação específica, de curta duração", estipulando-se também "a participação de militares portugueses nessas ações, bem como a participação de militares ucranianos em atividades de formação em Portugal, nomeadamente nos carros de combate", esta última ação já no âmbito de outra iniciativa bilateral, precisou o governante.

De acordo com João Gomes Cravinho, a UE está agora "em processo de se organizar a missão de formação e o que há, da parte portuguesa, é uma disponibilização" para participar na iniciativa. "Nos próximos dias, o Ministério da Defesa estará em condições de dar pormenores", concluiu o chefe da diplomacia portuguesa.

Paralelamente, neste encontro "houve um consenso em torno das três questões fundamentais para a Ucrânia, isto é, a continuação do apoio militar muito firme e alargado", tendo o ministro ucraniano - que participou na reunião a partir de um bunker - pedido particularmente apoio na defesa antiaérea. A intensificação das sanções contra a Rússia e a continuação do trabalho do Tribunal Penal Internacional para "que todos os crimes de guerra sejam investigados" foram outros dos pontos de consenso.

Ainda sobre o Irão, " aprovou-se um pacote de sanções àqueles que são responsáveis pela repressão, muito em particular contra mulheres, que resulta das manifestações legítimas" naquele país, disse Gomes Cravinho.