Presidente da República disse à TSF que está atento e revelou que nas últimas horas o tema dos salários nas forças de segurança foi assunto para uma mensagem do MAI.
O Presidente da República, em declarações à TSF esta sexta-feira à tarde, lembrou que já alertou há algum tempo para a necessidade de valorizar as forças de segurança, assim como as Forças Armadas. Marcelo Rebelo de Sousa apareceu de surpresa na vigília que já estava a desmobilizar junto ao Palácio de Belém e que juntou, desde o início da tarde, elementos da PSP, GNR, guarda prisional e Polícia Marítima. Foram a Belém pedir a Marcelo Rebelo de Sousa que use a influência que tem junto do Governo para que os salários possam ser aumentados.
O chefe de Estado disse que está atento e revelou que nas últimas horas o tema dos salários nas forças de segurança foi assunto para uma mensagem de José Luís Carneiro, o ministro da Administração Interna.
"Já hoje de manhã recebi uma mensagem do ministro da Administração Interna, que cobre só algumas das forças de segurança e que me disse que esse é um ponto que está a ser debatido no Orçamento para 2023, depois para 2024 e 2025 para ver se é possível um aumento. É a questão de que falei desde que houve um reajustamento muito justo no estatuto dos magistrados - Ministério Público e magistratura judicial - e desde então há muito a ideia de que as forças de segurança e as Forças Armadas, que são funções de soberania, realmente também têm de ir vendo o seu estatuto tomado em consideração. Estou atento", garantiu Marcelo.
O Presidente não tem dúvidas de que a valorização das carreiras destes profissionais é importante.
"O estatuto, todo ele, é mais completo, mas não há dúvida de que as remunerações, o estatuto financeiro, é muito importante. Estavam aqui, no ativo, muitos jovens entre os 25 e 27 anos. É muito importante que os mais jovens tenham um estímulo para uma carreira ao serviço dos portugueses", defendeu o Presidente da República.
José Carneiro, um antigo militar, fez questão de estar presente na vigília para apoiar os colegas de profissão.
"Fui militar e fui mobilizado para Moçambique. Cumpri a minha missão no país e depois entrei na guarda fiscal em Moçambique. Com o 25 de Abril vim para Portugal. Na altura ingressei na guarda fiscal aqui em Lisboa. Só vim aqui para dar apoio aos meus colegas, tanto da polícia como da GNR. Sou sócio da APG, Associação dos Profissionais da Guarda. Não ganho nada por isso, pago 20 euros por ano, não fico mais pobre por isso", explicou José Carneiro.
Houve também quem viesse do Porto para participar na vigília. Lina, guarda prisional há 20 anos, foi um desses casos. Participou, pela primeira vez, num protesto destas dimensões.
"Ao fim de 20 anos e tendo em conta a conjuntura económica que todos nós atravessamos, sinto que a constante desvalorização ao longo destas duas décadas nesta altura tem um peso ainda maior. A não valorização das nossas carreira leva a que desvalorizemos a segurança do país em geral. No meu caso, protegemos a comunidade reclusa e, por sua vez, também protegemos a sociedade. Não tendo em atenção as condições de trabalho, os recursos humanos e materiais e o investimento na formação dos profissionais esquecemo-nos do seu papel fundamental no nosso país", acrescentou Lina.
Em comunicado, as estruturas da Comissão Coordenadora Permanente (CCP) consideram que a proposta do Orçamento do Estado para 2023 "não corresponde às expectativas dos profissionais das forças e serviços de segurança, não repõe poder de compra, da mesma forma que não garante o necessário investimento na segurança pública", esperando que Presidente da República sensibilize o Governo para esta realidade.
A CCP lamenta que o primeiro-ministro tenha recusado um pedido de reunião e que as negociações salariais tenham decorrido "somente com as centrais sindicais e com as federações da função pública, ficando os profissionais das forças e serviços de segurança arredados de qualquer processo negocial".
A CPP sustenta também que "só as estruturas da GNR e da PSP foram recebidas pelo Ministério da Administração Interna apenas para conhecerem as respetivas alterações remuneratórias, sendo que as restantes não receberam qualquer proposta de aumento que diferencie a sua carreira das carreiras gerais da função pública".