A Amnistia Internacional alerta para a discriminação de que continuam a ser alvo os ciganos, no dia em que a União Europeia inicia uma cimeira sobre a integração desta comunidade.
A Amnistia Internacional (AI) alertou, esta quinta-feira, para a discriminação de que continuam a ser alvo os ciganos. No dia em que a União Europeia inicia uma cimeira sobre a integração desta comunidade e Lisboa recebe um colóquio ibérico sobre a mesma matéria, Lucília Justino, da secção portuguesa da AI, garantiu à TSF que, em Portugal, os ciganos são as maiores vítimas de discriminação.
«De todos os discriminados raciais em Portugal, são as comunidades ciganas que enfrentam mais dificuldades nos serviços públicos, por exemplo. Nós alertamos para as questões da habitação, da educação, da saúde, dos serviços públicos e do emprego», sublinhou.
Lucília Justino lembrou ainda que, numa fase de crise económica, a discriminação tende a tornar-se mais forte.
«Há um discurso de ódio, um discurso anti-ciganista mais acentuado por questões de insegurança, de desemprego, etc. Nalguns casos, a situação agravou-se por causa da crise, pelo menos temos queixas particulares disso. Se já é uma população muito vulnerável, em situações de crise, é normal que estejam a viver pior», explicou.
O presidente da União Romani, José Fernandes, afirmou ter a mesma percepção do problema, sublinhando que, nos dias que correm, ninguém dá emprego a um cigano, o que se reflecte no aumento da pobreza.
«Os ciganos continuam a viver em tendas, a passar muita fome e a andar a pedir. Para agravar ainda mais a nossa situação, têm chegado ciganos da Roménia. Nós queremos alugar uma casa e ninguém nos aluga uma casa, queremos comprar um carro e ninguém nos vende um carro porque as pessoas têm medo, etc.», afirmou José Fernandes.
O presidente da União Romani sublinhou ainda que, para o Governo português, «os ciganos não existem», exigindo um maior respeito dos políticos para com a comunidade.
Calcula-se que, em Portugal, existam actualmente cerca de 50 a 60 mil ciganos.