Opinião

Irão, "segurança moral" e as mulheres

Começamos a semana com uma quase-boa notícia: "a suspensão da Polícia da Moralidade do Irão". Segundo a qatari Al Jazeera, Montazeri, o Procurador-Geral iraniano, afirmou que a "Polícia da Moralidade "não tem qualquer ligação ao poder judicial e foi encerrada"". Tendo em conta o impacto negativo destes zelotas na sociedade iraniana e, em especial, a sua tirania sobre as meninas e mulheres deste país, que levou como bem sabemos aos protestos nas ruas desde meados de Setembro, é uma boa notícia.

No entanto, tendo em consideração a natureza deste regime e os seus tentáculos é mais prudente aguardarmos detalhes sobre este anúncio. Em particular, como nos refere a Al Jazeera sobre três aspectos: "Não foi confirmado o fim das unidades de patrulhamento - cuja tarefa oficial é a de zelar sobre a "segurança moral" na sociedade. Montazeri também não disse que a Polícia da Moralidade tinha sido erradicada para sempre. Mais ainda, não foi dada qualquer indicação que a lei que impõe de forma obrigatória o uso do véu seja revertida."

Por tudo isto, estou tal como São Tomé, em um momento de «ver para crer», ou melhor, de aguardar e perceber se é uma decisão ad hoc e superficial ou se é mesmo para ir ao encontro dos manifestantes.

Seriam notícias excelentes para um país com cerca de 87 milhões de habitantes e uma população muito jovem, orgulhosa da sua história e que não se revê em patrulhas de "segurança moral". Aliás, uma denominação tão curta quanto sinistra.

Uma situação para acompanharmos com muita atenção nos próximos dias.

Raquel Vaz Pinto