Vítor Almeida, presidente do Colégio de Competência em Emergência Médica da Ordem, explica na TSF que a área da Grande Lisboa "não tem capacidade de responder aos seus utentes", pelo que é preciso "encontrar alternativas concretas no terreno".
Os centros de saúde na região da Grande Lisboa não têm capacidade para atender doentes agudos. O alerta é do Colégio de Competência em Emergência Médica da Ordem, que fala num "cocktail explosivo" que se vive nas urgências dos maiores hospitais de Lisboa.
O Ministério da Saúde tem apelado aos doentes que contactem a linha SNS24 e os centros de saúde, em vez de se dirigirem às urgências. Contudo, o presidente do colégio, Vítor Almeida, entende que os centros de saúde não podem ser a válvula de escape das urgências.
"Os nossos colegas de medicina geral e familiar estão totalmente sobrecarregados. Sobretudo a área da Grande Lisboa não tem capacidade de responder aos seus utentes. É preciso focar a medicina geral e familiar naquilo que é a sua verdadeira tarefa: a medicina preventiva e acompanhamento dos seus próprios doentes. Neste momento, em Lisboa, nem isso é possível, portanto, não podemos sobrecarregar ainda mais os centros de saúde com situações agudas. É preciso encontrar alternativas concretas no terreno", explica à TSF Vítor Almeida.
Os hospitais Santa Maria, em Lisboa, e Beatriz Ângelo, em Loures, são apenas alguns exemplos onde os doentes nas urgências esperam horas para serem atendidos. Vítor Almeida aponta três razões para esta corrida às urgências.
"Primeiro, é a sazonalidade, estamos em pleno inverno, com um pico de infeções respiratórias. Segundo, temos uma população envelhecida que é muito mais vulnerável a estas situações. E, terceiro, é um problema de gestão de recursos técnicos e humanos que temos em Portugal. Os três fatores juntos criam este cocktail explosivo", considera, sublinhando que este não é um problema apenas da capital, mas sim de "praticamente todo o país", como em Portimão, Beja, Santarém e Leiria.
"Temos que olhar não só para esses hospitais, mas também os de pequena e média dimensão", alerta.
O ministro da Saúde já admitiu alargar o modelo testado nas urgências de obstetrícia a outras urgências. Uma possibilidade que Vítor Almeida vê com bons olhos, desde que estejam garantidos os serviços essenciais de sobrevivência.
"A resposta essencial à população não pode falhar. Qualquer doente grave, com um enfarte, vítima de um acidente ou de um traumatismo ou uma situação de risco de vida não pode de forma alguma ser prejudicado. Em outras situações de menor gravidade, que requerem cuidados mais especializados, pode haver modelos de concentração e de boa gestão dos recursos técnicos dentro do SNS. O que tem que estar garantido é que o serviço essencial para sobrevivência do doente não pode ser colocado em risco", acrescenta.