Sociedade

Investigadores criaram solução que, através da Inteligência Artificial, consegue monitorizar crises de epilepsia

AFP (arquivo)

O sistema que, no futuro, pode ser usado em ambulatório ou em casa destes doentes, fornece informação fundamental para um melhor diagnóstico e tratamento da epilepsia.

Através de um radar de infravermelhos e vídeos tridimensionais e a partir de amostras de vídeos de dois segundos é possível identificar e analisar os movimentos durante as crises de epilepsia. João Paulo Cunha, um dos coordenadores deste estudo, explica que esta informação é muito importante do ponto de vista clínico. "O que é novo aqui é que usamos uma abordagem que consegue em segmentos de 2 segundos ao fim de 2,3 segmentos de 2 segundos dizer a probabilidade de isto, por exemplo, ser uma crise de origem temporal esquerda é acima de 80%... A partir daí passamos a ter a possibilidade de fazer deteção em tempo quase real".

Informação que permite um melhor diagnóstico e tratamento. "Permite quantificar movimentos e dar-lhes essa informação para um melhor diagnóstico. Dentro da epilepsia há muitos tipos de epilepsia e aqui o tratamento varia com uma série de fatores e nós damos mais um fator para entrarem nessa análise e na decisão quer diagnóstica, quer terapêutica".

Há mais de 20 anos que os investigadores do Instituto de Engenharia e Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência - INESC TEC - trabalham com a Universidade de Munique. João Paulo Cunha explica que a investigação decorre sempre com o envolvimento direto dos médicos e dos serviços clínicos e a aplicação é quase imediata. " É podermos ter detetores de tempo quase real a partir do vídeo também instalados na clínica, portanto, alertando os enfermeiros, etc, especialmente na fase dentro do hospital em que não temos os técnicos presentes, como na permanência às noites. No entanto, poderá também funcionar em monitorizações em casa das pessoas, por exemplo, durante a noite, o que permite um melhor acompanhamento clínico e por parte dos cuidadores destes doentes".

Para o desenvolvimento desta ferramenta, os investigadores do INESC TEC recorreram à "maior base de dados de vídeos 3D síncronos com eletroencefalogramas, recolheram informação relativa a 115 crises.

A epilepsia é uma doença neurológica crónica que afeta 1% da população mundial.

Com a investigação do INESC TEC é possível monitorizar e analisar as crises de epilepsia quase em tempo real. este trabalho foi publicado publicada na revista Nature Scientific Reports.