Mundo

Supremo Tribunal de Israel bloqueia nomeação de político para o Governo

Aryeh Deri Abir Sultan/EPA

Em causa está uma antiga condenação judicial.

O Supremo Tribunal de Israel decidiu esta quarta-feira que um membro importante do novo Governo do país não reúne condições para ser ministro, por uma antiga condenação judicial, no que pode ser a primeira crise política da legislatura.

O Supremo Tribunal decidiu que Aryeh Deri - o influente chefe do partido ultraortodoxo Shas, que serviu repetidamente nos governos anteriores de Netanyahu - não possui condições para servir como ministro, depois de ter sido condenado no ano passado por delitos fiscais e colocado em liberdade condicional no âmbito de um acordo judicial.

O primeiro-ministro e líder do Governo de coligação, Benjamin Netanyahu, terá agora de decidir se vai cumprir a decisão do tribunal e demite o seu principal aliado, Deri, ou entra em disputa com o sistema judicial.

A decisão traz consequências potencialmente problemáticas para a coligação de Netanyahu: alguns membros do Shas pediram a Netanyahu que encontrasse uma solução que conceda a Deri o cargo que dizem que ele merece como líder de partido.

Caso contrário, o partido Shas poderá bloquear a coligação, o que reduziria a maioria de 64 lugares de Netanyahu em 11 lugares no Parlamento de 120 membros.

Yakov Margi, membro do Shas, disse numa entrevista radiofónica que "se Aryeh Deri não ficar no Governo, não há Governo".

Num movimento que foi considerado crucial para unir a coligação governamental, os deputados israelitas mudaram no mês passado uma lei que proibia um condenado em liberdade condicional de ocupar o cargo.

Esta questão abriu caminho para Deri se juntar ao Governo, mas também levou à contestação no Supremo Tribunal.

Atualmente, Deri está a cumprir mandato como ministro da Saúde e dos Assuntos Internos e deveria passar para a pasta das Finanças na segunda metade da legislatura.

O Likud e os seus parceiros ultraortodoxos e de extrema-direita conquistaram a maioria dos lugares no Parlamento, nas eleições de 1 de novembro, formando um Governo que fez da mudança do sistema judicial uma questão central na agenda política.

As sondagens revelam que a maioria dos israelitas se opõe a que Deri se mantenha como ministro, mas, ainda assim, espera-se que uma decisão deste apenas aprofunde mais as divisões sobre a decisão do Supremo Tribunal.

Deri já tinha sido condenado a três anos de prisão por suborno, fraude e quebra de confiança em 2000, num caso referente à sua passagem como ministro do Interior na década de 1990, tendo cumprido 22 meses de prisão, antes de regressar à política e ao seu partido.