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À TSF, a professora Paula Macedo diz que a escola pública tem sofrido "sucessivos atentados".
Os professores estão este sábado nas ruas de Lisboa para se manifestarem contra o estado em que está a educação e, especialmente, a escola pública.
Em greve desde dezembro, os professores e restantes profissionais da educação juntam-se na baixa lisboeta para marcharem entre a Avenida da Liberdade e o Terreiro do Paço, num protesto liderado pela Fenprof (Federação Nacional de Professores).
As palavras de ordem são respeito e dignidade e isso está bem patente nas reivindicações de Paula Macedo, professora que chegou a Lisboa num autocarro proveniente de Vizela.
"Respeito e dignidade para a profissão de docente e, sobretudo, para a escola pública portuguesa que tem sido vítima de sucessivas leis, decretos e regulamentos que penalizam não só a escola, não só os professores, mas os alunos e o seu futuro", critica a professora que vestiu a pele de manifestante neste sábado.
Com mais de três décadas a ensinar os mais novos, Paula afirma que já está nos quadros da Escola Básica e Secundária de São Bento, em Vizela, mas revela que já passou por "todas as movimentações" e viajou para Lisboa com o objetivo de "marcar um ponto de viragem na história", perante os "sucessivos atentados" que "a escola tem sofrido".
E deixa uma mensagem ao ministro João Costa e ao restante Governo: "Não tentem iludir e atirar areia para os olhos da sociedade civil, porque as pessoas começam a estar esclarecidas e os professores põem ao lume tudo o que está a acontecer. O que eu queria pedir era bom senso. Não estamos a pedir dinheiro. Estamos a pedir que nos restituam aquilo que nos roubaram. Acima de tudo, que nos respeitem."
Paula Macedo recorda que durante a pandemia a escola socorreu-se dos professores que "sem controlar nada, sem saber do processo de controlo remoto dos alunos e do digital" acabaram "por ser o baluarte" e conseguiram "controlar os alunos e que a escola não fosse ao charco".
"Confiem em nós em todos os sentidos e que nos deem mais dignidade", pede a professora.
Já Paulo Antunes, diretor do Agrupamento de Escolas de Maximinos, em Braga, diz que esta situação não pode continuar durante muito mais tempo.
"Tem de haver um desenlace desta situação. Não se pode prolongar mais. Há cansaço de parte a parte. Lamentamos que haja uma parte da sociedade que esteja a tentar que os pais comecem a ficar aborrecidos com a escola, mas nós estamos a lutar por uma melhor escola e mais qualidade. Não é só pela carreira", esclarece o professor.
Paulo Antunes diz que "tem sido feito um investimento na escola digital", mas, "apesar com as operadoras a terem lucros fantásticos", as escolas continuam "a ter um acesso à internet do tempo da pré-história", o que põe em causa a "qualidade de ensino".
"A sociedade tem de nos ver de outra forma. Nós somos os que formamos toda a gente. Somos a essência. Somos o pilar. Eu não posso andar na rua e ter vergonha de ser professor. Foi a carreira que eu escolhi", atira.
Milhares de professores juntaram-se este sábado em Lisboa para reivindicar melhores condições na educação e na escola pública. Com os profissionais da educação e a Fenprof estão a Federação Nacional de Educação (FNE) e outras sete organizações sindicais, bem como da Associação de Oficiais das Forças Armadas e de representantes da PSP. O Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP) não faz parte dos organizadores, mas também está presente. Entre os partidos que se juntaram aos professores, estão o Chega, o PCP, o Bloco de Esquerda e o Livre.
Notícia atualizada às 17h55