Sociedade

Pescas temem que eólicas no mar criem "maior deserto oceânico do mundo"

Paulo Jorge Magalhães (arquivo)

Em causa estão novas zonas de exploração em Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira e Sines.

Representantes de 15 associações de armadores, organizações de produtores e sindicatos, reuniram esta terça-feira em Viana do Castelo, para analisar o impacto das cinco novas áreas de implantação de parques eólicos offshore, que atualmente estão em consulta pública.

Entendem que, a avançar tal como está a ser proposta, a nova área equivalente "a 320 mil campos de futebol", pode provocar "o maior deserto oceânico do mundo" em Portugal, e condenar as comunidades piscatórias das zonas abrangidas a desaparecer.

Em causa estão novas zonas de exploração em Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira e Sines, que totalizam 3393,44 km2 de espaço marítimo nacional.

"Todo o setor esteve presente aqui em Viana do Castelo, juntamente com os sindicatos. Queremos mostrar a nossa indignação. Sentimos que o senhor Diretor Geral das Pescas traiu o setor", afirmou Francisco Portela Rosa, porta-voz das organizações reunidas em Viana do Castelo, referindo o facto de estas não terem sido envolvidas no processo de criação do mapa das novas zonas de implantação de energias renováveis.

A audição pública está em curso desde 30 de janeiro até 10 de março (durante 30 dias úteis). O setor das pescas queixa-se que "não foi tido nem achado" no processo e vai pedir com "uma audiência com caráter de urgência", na Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas.

Em declarações aos jornalistas após reunião dos representantes do setor, aquele responsável afirmou que não são conhecidos estudos do impacto socioeconómico e ambiental que terão as áreas propostas entre Viana do Castelo e Sines.

Contesta a localização das cinco novas áreas, em consulta pública, pela sua sobreposição "a pesqueiros de todas as principais artes de pesca usadas em Portugal, do Norte a Sul da Costa Atlântica, ao largo de Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Peniche e Ericeira, Setúbal e Sines.

"Estamos extremamente preocupados atendendo a que, esta experiência que tivemos em Viana do Castelo [primeiro parque eólico em Portugal, WindFloat, instalado desde 2019]. Cerca de uma milha ao redor não há fauna", acusou Francisco Portela Rosa, referindo que os 320 mil hectares previstos para exploração equivalem "ao território todo dos Açores e da Madeira" e, a avançarem, Portugal passaria "a ter talvez o maior deserto oceânico do mundo, porque ali nada sobrevive para além das eólicas".

Afirmou ainda que as comunidades piscatórias das vilas e cidades, abrangidas, "estão condenadas a desaparecer".

A audição pública está em curso desde 30 de janeiro até 10 de março (durante 30 dias úteis). O setor das pescas queixa-se de que "não foi tido nem achado" no processo e vai pedir com "uma audiência com caráter de urgência", na Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas.

Ana Peixoto Fernandes