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Soldado ucraniano acusado de matar civil começou a ser julgado na Rússia

Anton Cherednik EPA

Anton Cherednik foi acusado de deter dois homens de Mariupol em março de 2022, ordenando que se deitassem no chão e exigindo que dissessem uma frase em ucraniano. De acordo com os investigadores, quando um deles não pronunciou corretamente a frase, Cherednik matou-o.

Um soldado ucraniano acusado por um tribunal militar russo de homicídio e maus-tratos a civis declarou-se "parcialmente culpado" no início do julgamento, esta terça-feira, no cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia.

Anton Cherednik foi acusado de deter dois homens de Mariupol em março de 2022, ordenando que se deitassem no chão e exigindo que dissessem uma frase em ucraniano, de acordo com o comité de investigação russo.

Quando um destes não pronunciou corretamente a frase, Cherednik matou-o, referiram os investigadores. A outra vítima fugiu.

O advogado de Cherednik, Vladimir Bakulov, referiu que o seu cliente declarou-se culpado durante a investigação preliminar, mas "agora afirmou que se declara parcialmente culpado".

Bakulov não explicou o motivo, mas acrescentou que vai conversar com o réu e "determinar a linha de defesa", noticiou a agência Associated Press (AP).

O tribunal planeia começar a interrogar as testemunhas na próxima semana.

Mariupol, cidade portuária do sul da Ucrânia devastada por um cerco de quase três meses do Exército russo, no ano passado, é controlada por Moscovo.

A Rússia tem ocupada toda a costa ucraniana do mar de Azov, cujo principal porto é a cidade de Mariupol.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que entrou no seu 405.º dia, 8.451 civis mortos e 14.156 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.