Política

"Sob todos os holofotes, o Governo comporta-se assim. Como será nas outras empresas públicas?"

António Pedro Santos/Lusa

O PS aconselha a direita "a preocupar-se mais com a gestão privada do que com a gestão pública" da TAP.

A Iniciativa Liberal pede mais escrutínio à gestão das empresas públicas, depois das polémicas que colocaram a TAP no centro da polémica. Da saída de Alexandra Reis a reuniões secretas, a comissão de inquérito à gestão da TAP revelou vários tropeções na companhia aérea.

Os liberais, pela voz de Carlos Guimarães Pinto, dedicaram a declaração política, no plenário da Assembleia da República, ao "Setor Empresarial do Estado" e aproveitaram as revelações na companhia aérea para deixar vários alertas.

"Se numa empresa sob todos os holofotes, o Governo comporta-se assim, como será em todas as outras empresas públicas?", atirou.

Carlos Guimarães Pinto acusa o Governo de "politizar" as empresas públicas, escolhendo administradores "pelo cor do cartão partidário", e desafia a oposição para um "maior escrutínio" à gestão do Estado.

"Com requerimento e audições. E, sim, se necessário mais comissões parlamentares de inquérito no futuro. É preciso perceber como são tomadas as decisões nestas empresas e a forma como são nomeados administradores", apelou.

Na mesma linha, criticando a gestão da TAP, o social-democrata Paulo Rios de Oliveira assume-se "assustado" com o que ainda não foi revelado.

"De mentira em mentira, a opacidade em opacidade, compadrio em compadrio, tudo isto é assustador", acrescentou.

Por outro lado, os partidos à esquerda concordam com as críticas à gestão política da companhia aérea, mas atacam os "complexos ideológicos" da direita. Bruno Dias, do PCP, apela aos liberais que não vejam as empresas privadas "como o inimigo".

"O problema é a conclusão que os deputados tiram. Dizem que, daqui para a frente, vamos pegar fogo a tudo o que é setor público neste país", criticou.

O PS, pelo deputado Hugo Carvalho, defendeu a estratégia do Governo, desde logo, na gestão do setor público: "Digam-me porque é que a Caixa Geral de Depósitos é o banco comercial com mais lucro em Portugal e o porquê de a Efacec ainda ser um ativo para o Estado português".

Hugo Carvalho aconselha mesmo a direita, no caso da TAP, "a preocupar-se bem mais com a gestão privada do que com a gestão pública" da companhia aérea.

Francisco Nascimento