O Soalheiro faz da inovação uma imagem de marca. O primeiro produtor de Alvarinho de Melgaço conjuga criatividade com irreverência em 11 vinhos inovadores.
Com uma história de quatro décadas o Soalheiro tem a inovação como lenitivo: em 1974, João António Cerdeira ousou plantar a primeira parcela de vinha contínua da casta Alvarinho em Melgaço.
Anos volvidos, em 1984, desocupou a garagem da casa de família e transformou o espaço em adega: assim nasceu a marca Soalheiro, que doravante associou qualidade e inovação ao projeto empresarial.
A mãe, Palmira Cerdeira, e os filhos, Maria João, veterinária de formação e responsável pela viticultura, e António Luís, enólogo, não só asseguraram a continuidade, como dinamizaram a marca com muita paixão. O enoturismo e a produção de infusões biológicas refletem de algum modo a veia empreendedora da família, que criou um clube local de 150 viticultores, garantindo um desenvolvimento sustentável do território e a pegada social.
A procura incessante de conhecimento e a experimentação são facetas marcantes do Soalheiro desde a primeira hora, quando o patriarca da família teve engenho para transformar um hectare numa vinha de futuro. As provas de vinhos com os amigos lançaram as bases de um enoturismo genuíno.
A inovação ajuda os clássicos
Assim nasceu, há 40 anos, o Soalheiro Clássico, um vinho com um perfil bem definido, seco, com uma acidez encoberta e que estabeleceu a base de um projeto norteado por três linhas-mestras, enunciadas por António Luís Cerdeira: «ter a qualidade como objetivo; manter a consistência da qualidade e trazer valor para o território. Para tal, o fator inovação é fundamental. Lutar pelo preço não é estratégia», sublinhou o enólogo.
«A inovação ajuda os clássicos» é um lema que traduz a aposta da empresa, mas todo o percurso trilhado até agora não teria sido possível sem o envolvimento das famílias.
Graças a esse apoio, foram criadas parcerias tendo como ponto de partida o conceito de vinhos inovadores. A captação de boas ideias foi o motor da produção de novos vinhos com a chancela Soalheiro.
Do Mosto Flor ao Revirado
O Mosto Flor 2021, feito a partir das gotas que escorrem das uvas de Alvarinho antes da primeira prensagem - uma técnica de vinificação aplicada nos espumantes --, reflete a acidez da casta, tendo perdido os aromas de frutos tropicais.
A ideia surgiu da equipa e originou 44 rótulos, que traduzem uma forma de homenagem ao conhecimento e ao contributo de cada pessoa que trabalha na empresa.
Das uvas de uma parcela com Solo Limoso, junto à margem granítica e escavada do rio Minho, foi produzido o vinho com um perfil aromático singular, com uma expressão diferente, largo na boca e mais fechado, com pouca acidez.
O objetivo foi demonstrar aos viticultores do clube, trazidos deste modo para a ribalta pelo conhecimento do terreno, que faz sentido ter vinhas velhas.
A parceria com Gio, natural da Geórgia, resultou no AG. Hora Alvarinho 2021, inspirado na vinificação tradicional daquele país: a fermentação, com leveduras espontâneas, processa-se em ânforas não porosas.
Na Cave da Inovação e na mesma linha da tradição georgiana, foi produzido o Ag. Hora Loureiro 2021, um vinho com menos taninos e mais elegante,
Dois Pet Nat - Loureiro 2022 e Alvarelhão 2022 -, ambos vinhos simples, que resultaram da parceria com Hugo Brito, om raízes em Fontoura (Valença) onde foram colhidas as uvas utilizadas na produção do primeiro.
O Soalheiro Pet Nat 2022, outra inovação, é um espumante leve e jovial.
Com uvas de Alvarinho desidratadas foi produzido o Alvorone 2020, em parceria com os Vinhos APRT3. O método italiano de produção da casta tinta Amarone foi utilizado neste vinho com elevado teor alcoólico (14,5%), ainda não lançado no circuito comercial.
O De(feito), um "blend" feito das tinalhas e terracotas de Alvarinho de altitude e de Loureiro de influência atlântica, demonstra os riscos da inovação.
Com uma produção limitada de 600 garrafas, o Revirado 2020 é um vinho diferente, delicado e mineral, produzido com uvas provenientes de pequenas parcelas graníticas a 400 metros de altitude de Loureiro (70%) e Alvarinho (30%).
O Pé Franco 2020 é o único Soalheiro claramente floral, com um final de boca frutado. Revela elegância e estrutura. Produzido com uvas provenientes de vinhas plantadas há 15 anos, com enxertia e pé franco alternados e menor rendimento por hectare.
Uma inovação que nasceu na vinha, para justificar uma divisa da empresa: «diversidade para criar consistência no futuro».
O Soalheiro, que apostou com sucesso na produção biológica nos trabalhos agrícolas, desafia com atrevimento e engenho, pelo menos, os próximos 40 anos.
Com muito engenho para manter consistência, qualidade e valorizar o território.