Sociedade

Retroceder nos direitos de Abril? "Isso nunca irá acontecer com a nossa geração"

Rui Oliveira/Global Imagens (arquivo)

Os jovens consideram que seria " muito difícil" viver com as restrições que existiam na ditadura.

Catarina nunca viveu os tempos em que a sua escola proibia as raparigas de vestirem calças. Antes do 25 de Abril elas tinham também que se deslocar até ao liceu de um lado da avenida, e os rapazes do outro. Não se podiam encontrar na rua perto da escola, e nem as turmas, nem o recreio era misto.

"Não sabia", afirma a jovem quando tem conhecimento destas restrições. "Só tinha ouvido falar das batas brancas e dos lacinhos de cor",adianta. Nessa altura, na escola pública, a bata era obrigatória e cada cor de laço simbolizava o ano que frequentado pelo aluno.

Tempos muito longínquos, que nem os pais da aluna Beatriz viveram. Só os seus avós são dos tempos da ditadura política em Portugal. " A minha avó falava-me que não podia estar um grupo na rua, a falar, porque eram vigiados", conta. Hoje, os jovens que se reúnem em grupinhos à porta da Escola Secundária João de Deus, habitualmente no maior intervalo da manhã, não sabem o que significa não poder estar na rua à vontade. Mas já ouviram falar. " Era a ditadura, o não podermos expressar o que realmente sentíamos", avança a Catarina. " Determinadas pessoas não podiam dizer ou pensar o que queriam", diz o seu colega.

Beatriz ouviu falar das restrições que as mulheres viviam num país em ditadura." Não tinham direito ao voto, só após o 25 de Abril", afirma.

Pergunto-lhe se tinha conhecimento que as mulheres só podiam sair do País com autorização dos maridos. " Não sabia", responde. "Deve ser muito difícil viver assim", lamenta.

Mas há quem considere que o a revolução dos cravos devia ter trazido maior progresso e uma vida mais facilitada. Para o Afonso, este país continua a não ser para jovens." Há jovens a sair do País quando terminam os cursos porque o país não ajuda, nem dá condições", lamenta.

Uma democracia que completa 49 anos, terá todos os defeitos ,mas nenhum jovem se imagina a retroceder nos direitos adquiridos. "A nossa geração não iria permitir", garante uma jovem estudante. " Isso nunca irá acontecer", afirma convicta.