Política

Hugo Mendes diz ser "ridícula" acusação de ter impedido TAP de comunicar com Finanças

Hugo Mendes sublinha que as duas tutelas se pautavam por uma "intensa cooperação" Manuel de Almeida/Lusa

O antigo governante lembra que "foi o Ministério das Finanças que liderou o processo crítico" de negociações com a Comissão Europeia, em 2020, para o auxílio de Estado à companhia aérea e consequente plano de reestruturação.

O ex-secretário de Estado das Infraestruturas considerou esta quarta-feira que a acusação de ter impedido a TAP de articular com o Ministério das Finanças é "ridícula", sublinhando que as negociações com a Comissão Europeia intensificaram cooperação entre as duas tutelas.

Na comissão de inquérito à TAP, Hugo Mendes lembrou que "foi o Ministério das Finanças que liderou o processo crítico" de negociações com a Comissão Europeia, em 2020, para o auxílio de Estado à companhia aérea e consequente plano de reestruturação, considerando, por isso, uma "acusação ridícula" a ideia de que impediu a companhia aérea de articular com a tutela financeira.

O ex-secretário de Estado da equipa de Pedro Nuno Santos sublinhou que as duas tutelas se pautavam por uma "intensa cooperação", que se tornou mais forte dada a necessidade de negociar com Bruxelas, cujo único interlocutor direto era o ex-secretário de Estado do Tesouro Miguel Cruz.

"Esta comissão parlamentar de inquérito já ouviu quatro membros do Governo e quatro membros da administração que desempenharam funções enquanto estive com a tutela da TAP. [...] Em nenhum momento alguma destas pessoas, a que se junta por ironia a própria ex-CEO, validou nesta comissão a tese que o Ministério das Infraestruturas queria proibir, controlar, condicionar ou dificultar as comunicações entre a TAP e o Ministério das Finanças", apontou.

E acrescentou: "As únicas duas pessoas que criaram esta fantasia são gestores em litígio com o Estado sobre a sua forma de saída da TAP, e que acham que podem usar-se do meu nome para justificar atos de gestão", referindo-se à ex-presidente executiva Christine Ourmières-Widener, e ao ex-presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja, que foram exonerados por justa causa, na sequência da indemnização de 500 mil euros paga à ex-administradora Alexandra Reis.

Hugo Mendes disse que a comissão de inquérito, que está na reta final de audições, tem servido para "julgamentos sumários de caráter", a partir de mensagens fragmentadas e avulsas, sem compreender o contexto, levando à intervenção do presidente da comissão de inquérito, a pedir que o depoente não fizesse aquele tipo de considerações.

O ex-secretário de Estado explicou, assim, o contexto da mensagem conhecida nas audições iniciais, onde Hugo Mendes indica à ex-CEO que a porta de entrada das comunicações entre a TAP e o Governo era o Ministério das Infraestruturas.

"Na audição de 4 de abril aqui a Comissão, quando o senhor deputado Bernardo Blanco questionou a ex-CEO da TAP se (e cito) 'o Ministério das Infraestruturas e da Habitação lhe disse que só podia comunicar com este e com mais nenhum ministério, tendo sido repreendida quando falou com outro' (fim de citação), a ex-CEO respondeu que esta mensagem (cito) 'foi no seguimento de uma interação minha com outro ministério, não as Finanças", lembrou Hugo Mendes.

O ex-secretário de Estado explicou ainda que o motivo da sua advertência se prendia com os contactos diretos que a ex-CEO começou a fazer com outros membros do Governo que não tutelavam a TAP, como por exemplo, do Ministério da Administração Interna.

"Desculpem a frontalidade, mas é simplesmente ridículo, para quem tem uma vaga ideia de como funciona um Governo, pensar-se que um ministério setorial pode querer impedir a comunicação de uma empresa pública com o ministério mais poderoso do Governo, que representa o acionista e lhe controla as contas", considerou Hugo Mendes, levando a nova intervenção do presidente e à reformulação da afirmação.

Lusa