Chega ao fim a campanha eleitoral. Uma campanha dura, tensa, cheia de acusações, mentiras e insultos, que monopolizou a atualidade espanhola nas últimas semanas.
As últimas sondagens, cuja publicação está proibida desde a passada segunda-feira, davam a vitória ao PP de Alberto Núñez Feijóo mas as margens indicam uma grande imprevisibilidade. Descartadas, só as maiorias absolutas de qualquer um dos candidatos. De resto, quase tudo pode acontecer: desde a vitória da direita com a extrema-direita, a uma reedição da coligação de Governo ou até um bloqueio que leve a uma repetição eleitoral.
Perante este cenário, os partidos aceleram nas últimas horas para assegurar os votos suficientes. No último comício em Madrid, Alberto Nuñez Feijóo pediu uma participação "massiva". "Ou os arrasamos, ou mesmo perdendo poderão governar", disse.
Alberto Nuñez Feijóo, o favorito em todas as sondagens, tem feito campanha para que governe a lista mais votada o que permitiria evitar um acordo com a extrema-direita, o mesmo que já está em vigor em mais de 140 câmaras municipais e quatro comunidades. Sánchez recusa esta possibilidade de forma taxativa, até porque na Extremadura, o socialista Guillermo Fernández Vara perdeu o governo, mesmo depois de ganhar as eleições, depois de um acordo entre o PP e o Vox.
O ainda líder do Governo, acredita na reviravolta e, na noite passada, em Lugo, voltou a pedir o voto para travar a extrema-direita. "Peço o voto a todos os espanhóis, inclusive os que votaram no PP mas não querem que governe com Abascal. Podem não estar de acordo com a nossa ideologia, mas une-nos a vontade de não retroceder 10 anos nos direitos dos trabalhadores, 20 nos direitos LGTBI, 40 em direitos das mulheres e 60 na censura à cultura", insistiu.
Yolanda Díaz deslocou-se a Barcelona para pedir o voto na coligação Sumar e, assim, "enviar o Vox para a oposição" antes de criticar o líder da oposição: "Alberto Nuñez Feijóo só sabe fazer uma coisa em política: mentir, mentir e mentir. Tem tido uma semana muito má, está nervoso".
Polémica com Feijóo
Depois de decidir não comparecer ao último debate para não se expor, Feijóo viu como, no início da semana, Yolanda Díaz tirava do baú uma fotografia do líder do PP com o narcotraficante galego Marcial Dorado, cujas relações com Feijóo nunca foram totalmente esclarecidas.
"Seria bom que num debate perante a sociedade espanhola, Feijóo explicasse que relação tinha com Marcial Dorado. Que nos explicasse, o que fazia com Marcial Dorado quando a Espanha inteira sabia quem era. Que nos explicasse as suas relações com o narcotráfico", disse num comício.
A fotografia que data de 1995 e foi publicada em 2013 veio de novo à tona. E tal como da primeira vez, Feijóo foi parco em explicações. "Quando eu me relacionava com Marcial Dorado não sabia que tinha relações com o narcotráfico. Na altura não era como agora que há internet e Google", explicou no programa Al Rojo Vivo do canal de televisão La Sexta.
"Parece-me que é mentira e que perdeu uma oportunidade de esclarecer este assunto", respondeu Pedro Sánchez, entrevistado pelo mesmo programa. "E isso de que não havia internet nem Google... acho que essas coisas caem pelo seu próprio peso".
Recorde de voto por correio
Esta sexta-feira têm lugar os últimos atos de campanha. Pedro Sánchez, Yolanda Díaz y Santiago Abascal fecham a campanha em Madrid. Feijóo escolheu acabar na Corunha.
Esta sexta-feira é também o último dia para votar por correio. A Junta eleitoral ampliou o prazo até às duas da tarde devido aos atrasos que existiram na entrega da documentação. Nestas eleições, 2.622.808 pessoas pediram o voto por correio. Números recorde, comparados com anteriores eleições.