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Aeroporto de Aleppo inoperacional após novo ataque israelita

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Síria acusa Israel de "ameaçar a liberdade de circulação de aeronaves" AFP (arquivo)

De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, os ataques desta segunda-feira tiveram como alvo, além do aeroporto de Aleppo, depósitos de armas no campo de aviação militar vizinho de Nayrab.

Um ataque aéreo israelita atingiu esta segunda-feira o aeroporto internacional de Aleppo (norte), a segunda maior cidade da Síria, pela quarta vez desde o início do ano, deixando-o inoperacional, relataram os media oficiais sírios.

"O inimigo israelita efetuou um ataque aéreo a partir do Mediterrâneo, a oeste de Latakia, contra o Aeroporto Internacional de Aleppo", informou a agência de notícias oficial Sana, citando um comunicado de fontes militares.

Um funcionário do Ministério dos Transportes da Síria, Sleiman Khalil, confirmou à agência francesa AFP que a única pista que ainda estava a ser utilizada ficou danificada.

"As equipas técnicas vão iniciar hoje [segunda-feira] os trabalhos de reparação para que o aeroporto possa voltar a funcionar o mais rapidamente possível", acrescentou Khalil, dizendo que os voos foram desviados para os aeroportos de Damasco e Latakia.

Desde o início da guerra na Síria, em 2011, Israel realizou centenas de ataques aéreos em território sírio, visando sobretudo as forças apoiadas pelo Irão e pelo movimento xiita libanês Hezbollah, aliados de Damasco e inimigos declarados de Israel, bem como o Exército sírio.

Israel, país vizinho da Síria, raramente comenta os ataques em solo sírio, mas afirma frequentemente que quer evitar que o Irão se instale nas imediações do seu território.

Questionado esta segunda-feira pela AFP, um porta-voz militar israelita recusou-se a comentar o assunto: "Não comentamos informações de meios de comunicação estrangeiros."

De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, os ataques desta segunda-feira tiveram como alvo, além do aeroporto de Aleppo, depósitos de armas no campo de aviação militar vizinho de Nayrab.

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Síria reagiu a este ataque, acusando Israel de "ameaçar a liberdade de circulação de aeronaves" e de colocar em risco "a segurança da aviação civil internacional".

A região de Aleppo e o respetivo aeroporto têm sido alvo frequente de ataques israelitas desde o início do ano.

No início de maio, quatro soldados sírios e três combatentes estrangeiros de grupos pró-iranianos foram mortos em ataques que visaram o aeroporto de Aleppo e outros alvos.

Em março, os ataques israelitas colocaram inoperacional, por duas vezes, o aeroporto de Aleppo.

Duas semanas depois, os ataques tiveram como alvo o mesmo aeroporto e os depósitos de armas de grupos pró-iranianos nas suas imediações, matando quatro pessoas.

As milícias apoiadas pelo Irão têm uma forte presença na região de Aleppo e forneceram apoio terrestre essencial ao exército sírio durante a recaptura de áreas da cidade controladas pelos rebeldes em 2016.

A guerra na Síria, desencadeada em março de 2011 pela violenta repressão do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, de manifestações pacíficas, já provocou mais de meio milhão de mortos e obrigou à deslocação de vários milhões de pessoas.

O conflito ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos extremistas, e várias frentes de combate.

Lusa