O mercado livreiro em Portugal representou 175 milhões de euros em 2022.
Menos de dois terços dos portugueses compraram livros no ano passado, de acordo com um inquérito divulgado esta quinta-feira pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL).
"Os dados recolhidos permitem concluir que 62% dos inquiridos compraram livros no último ano e, destes, 70% afirmaram que compraram o mesmo ou mais do que no ano anterior. O estudo apurou também que os jovens entre os 15 e os 34 anos continuam a ter o hábito de comprar livros, sendo quem mais comprou no último ano (28%)", lê-se no comunicado sobre o inquérito feito pela GfK a 1.001 pessoas entre julho e agosto.
O presidente da APEL, Pedro Sobral, está satisfeito.
"Obviamente que nos dá alento, sabendo que em 2022, nos últimos 12 meses, tivemos 62% dos portugueses a comprar livros. É um bom sinal. Como disse e repito, os hábitos de compra não significam o mesmo que hábitos de leitura, ou seja, comprar livros não significa que sejam lidos, mais ainda quando 53% daqueles que compram livros são para oferecer, mas é obviamente um número positivo", explicou à TSF Pedro Sobral.
O inquérito divulgado pela APEL nota que são os jovens aqueles que mais livros compraram no ano passado.
"As compras de livros, quer nos últimos 12 meses, quer comparado com o período pré-pandemia, estão muito centrados na faixa etária dos 15 aos 34 anos. Estamos a falar de uma geração nova que está a comprar mais livros face ao período pré-pandemia. Estamos a falar de cerca de 40% a mais face ao período da pré-pandemia e cerca de 25%/26% nos últimos 12 meses. Isto dá-nos alento, mas não surpreende editores e livreiros. Temos visto isto nas feiras do livro e no dia a dia nas livrarias", acrescentou o presidente da APEL.
Segundo os destaques do inquérito, que tinha apresentação prevista para esta quinta-feira de manhã no evento Book 2.0, que vai discutir até sexta-feira em Lisboa "o futuro da leitura", o mercado livreiro em Portugal representou 175 milhões de euros em 2022, com um total de 21.115 livros lançados.
De acordo com o mesmo texto, as compras de livros tiveram subidas na Grande Lisboa e na região Sul, e quebras "no Grande Porto, Interior e Litoral", num mercado onde os "lares com um 'status' social mais elevado" são quem mais compra obras literárias.
"Não podemos ficar satisfeitos se assistimos a uma subida do índice de compra de livros, mas apenas na Grande Lisboa. O aumento da leitura deve ser transversal a todo o país, independentemente da classe económica ou da região do país, por isso democratizar o acesso ao livro deve ser um imperativo nacional", afirmou Pedro Sobral.
O mercado português é dominado por quatro grupos de livrarias em rede, que detêm 80 lojas, "nove retalhistas multiproduto, correspondentes a 1.200 pontos de venda; oito grupos de grande distribuição, com 1.800 pontos de venda, e quatro livrarias únicas".
O Book 2.0 vai juntar em Lisboa múltiplas figuras, da área do livro e de fora dele, para debater o futuro da leitura.
De acordo com o programa, a abertura contou com a presença de Pedro Freitas, conhecido por o Poeta da Cidade, num momento sob o tema "O poder de transformar o nosso mundo", seguindo-se discursos de Pedro Sobral e da presidente da Associação Internacional de Editores, Karine Pansa.
Ao longo do dia estão previstas conversas entre pessoas como o psiquiatra Daniel Sampaio e o escritor João Tordo, entre as escritoras Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada ou entre as autoras Dulce Maria Cardoso, Tânia Ganho e Isabela Figueiredo.
Estão também marcados painéis sobre "Inteligência Artificial: Oportunidades e Desafios", o BookTok e ainda "Preconceitos Ocultos na Indústria Editorial Inclusiva", entre muitos outros.
Esta quinta-feira encerra com o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, a ser entrevistado pelo editor de Cultura do Observador, Tiago Pereira, e com um discurso do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Na sexta-feira, há conversas entre, por exemplo, o antigo ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas e os escritores Rodrigo Guedes de Carvalho e Juan Gabriel Vasquez, para além de vários painéis dedicados à Educação, com destaque para uma entrevista ao ministro da Educação, João Costa, pela jornalista Isabel Lucas.