Política

Jerónimo de Sousa regressa à Festa do Avante como militante, mas tom mantém-se inalterado

Jerónimo de Sousa Igor Martins/Global Imagens (arquivo)

O antigo líder comunista participou num debate sobre a Constituição, na Festa do Avante.

Jerónimo de Sousa tinha prometido que quando deixasse a liderança do PCP, continuaria a percorrer a Quinta da Atalaia, na Festa do Avante, como militante. Um ano depois da última rentrée comunista como líder do partido, Jerónimo de Sousa cumpriu a promessa.

Durante o dia, o comunista percorreu os vários pontos de interesse da Festa do Avante, com camaradas e a família, e ao início da noite foi um dos oradores de um debate sobre a Constituição: "Cumprir e fazer cumprir a Constituição".

O peso nos ombros é menor, depois de passar o testemunho a Paulo Raimundo, novo líder comunista, mas o tom e as palavras mantêm-se praticamente inalterados.

"O caminho não é da mutilação da Constituição, é do seu cumprimento", alertou.

Numa altura em que a revisão da Constituição continua a ser discutida no Parlamento, o antigo líder comunista aponta o dedo à direita, depois de o Chega ter dado o primeiro passo para a abertura do processo para rever a lei fundamental.

"As opções do PSD, IL e Chega, fixam como alvo o ataque aos valores de Abril", lamentou.

No entanto, o puxão de orelhas estende-se também ao PS que permite que a discussão se faça na Assembleia da República, deixando a porta aberta a várias alterações na Constituição, com "consequências graves para todos os portugueses".

Em muitos pontos, diz Jerónimo de Sousa, a Constituição continua por cumprir, como mostram as "portas giratórias entre o poder económico e o poder político". "Quando tudo isto acontece, é a Constituição de Abril que continua por cumprir", salientou.

Para Jerónimo de Sousa, "é no cumprimento da Constituição que se encontram as respostas aos problemas", desde "a habitação, aos salários dignos e à cultura".

O discurso do antigo líder comunista foi muito aplaudido, numa plateia onde não existiam cadeiras vazias. No final não quis falar com os jornalistas, mas Jerónimo de Sousa anda por aí.

Francisco Nascimento