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Líder da Câmara dos Representantes dá luz verde a inquérito para destituição de Joe Biden

Joe Biden Andrew Caballero-Reynolds/AFP (arquivo)

Os negócios de Hunter Biden (filho do chefe de Estado norte-americano) enquanto Joe Biden era vice-presidente de Barack Obama têm sido um alvo constante dos republicanos.

O presidente republicano da Câmara dos Representantes dos EUA, Kevin McCarthy, cedendo à pressão da ala mais conservadora do seu partido, deu luz verde esta terça-feira para uma investigação que poderá levar à destituição do Presidente norte-americano, Joe Biden.

"Estou a dar instruções à nossa comissão da Câmara [dos Representantes] para abrir um inquérito formal de destituição do Presidente Joe Biden", disse McCarthy, alegando que o Presidente democrata "mentiu" sobre os negócios estrangeiros do seu filho Hunter.

"Os republicanos da câmara descobriram alegações sérias e credíveis sobre a conduta do Presidente Biden", disse McCarthy, acrescentando: "No seu conjunto, estas alegações pintam um quadro de uma cultura de corrupção."

Os negócios de Hunter Biden - filho do chefe de Estado norte-americano - enquanto Joe Biden era vice-presidente de Barack Obama, têm sido um alvo constante dos republicanos.

No entanto, até à data, não existem provas credíveis de que Joe Biden estivesse envolvido em qualquer ato ilegal.

Há meses que McCarthy está a ser pressionado pela ala direita do partido, fiel a Donald Trump, para abrir um inquérito de destituição contra Biden, de 80 anos.

A Casa Branca condenou imediatamente a medida, apelidando-a "política extrema no seu pior".

"Os republicanos da câmara estão a investigar o Presidente há 9 meses e não encontraram provas de irregularidades", disse Ian Sams, porta-voz da Casa Branca para a supervisão e investigações, na rede social X, anteriormente conhecido como Twitter.

McCarthy, que foi forçado a comprometer-se com a ala mais conservadora do partido para conquistar o cargo de presidente da Câmara, disse que as "alegações de abuso de poder, obstrução e corrupção" contra Biden "justificam uma investigação mais aprofundada pela Câmara dos Representantes".

Os legisladores democratas denunciaram a medida como um exercício puramente partidário destinado a vingar o duplo impeachment do ex-presidente republicano Donald Trump pela câmara.

O analista de política norte-americana Germano Almeida considera que não há razões que justifiquem a abertura de um inquérito de destituição do atual presidente dos EUA e, por isso, que defende que a decisão é um "disparate completo".

"É mais do que uma banalização, é um disparata completo. Isto obviamente que não é motivo para impeachment", defende, afirmando que "uma coisa é o filho e outra coisa é o pai - e o pai é que é Presidente, não o filho".

O analista diz ainda que, caso passe na Câmara dos Representantes, este processo não tem pernas para andar no Senado.

"McCarthy diz que tem alegações que podem levar a abusar de poder, obstrução e corrupção e por isso instruiu os comités a desenvolverem a possibilidade desse recurso a impeachment, mas claramente que meteu o carro à frente dos bois porque nem se quer há provas diretas do envolvimento do presidente Joe Biden na questão com o filho - que essa, sim, já tem alguns anos", explica.

Germano Almeida sublinha que "ao contrário do que se esperava", os republicanos "tiveram uma maioria bastante escassa", pelo que "Kevin McCarthy correu o sério risco de não conseguir a sua própria eleição" devido à ala mais extremista que defendia uma "rutura com a maioria do Senado e com a própria Casa Branca".

"McCarthy sabe que está um pouco refém desse extremismo e de algo modo quis ficar menos pressionado por essa ala que certamente vai gostar deste ataque ao Presidente", conclui.

TSF com agências