Política

Marcelo quer colocação de professores "resolvida rapidamente" e pede mais apoios para os jovens

Filipe Amorim/Lusa

Marcelo Rebelo de Sousa apela ao "diálogo" do Governo com os professores.

A cerimónia foi para a abertura do ano académico, no ensino superior, mas Marcelo Rebelo de Sousa destaca a "feliz coincidência" de, também nesta terça-feira, milhares de alunos começarem o ensino básico e secundário.

Aos jornalistas, depois da sessão na Aula Magna, é mesmo pelo ano letivo dos mais jovens que começa. Há 80 mil alunos sem professor pelo menos a uma disciplina, e o Presidente da República espera que o problema fique resolvido "rapidamente".

"É preciso que essa instabilidade seja resolvida rapidamente, e acho que é isso que vai acontecer. Em relação ao resto, que é a forma como se vai continuar o diálogo ao longo do ano letivo, chegando ao entendimento entre Governo e professores, acho que é esse o caminho, não há outro caminho", sustentou, num claro aviso ao Executivo.

O aviso de Marcelo Rebelo de Sousa surge numa altura em que há já várias greves marcadas, apesar de a abertura do ano letivo começar apenas nesta terça-feira: os professores querem a reposição do tempo integral de serviço.

E, para os estudantes universitários, num discurso na Universidade de Lisboa, e com vários membros do Governo na plateia, o Presidente da República admite alguma "preocupação". As medidas anunciadas para os jovens "são um bom sinal", mas é preciso mais.

"Preocupação porque cativar estudantes, mesmo com louváveis investimentos em residências e apoios suplementares, cativá-los num tempo de carestia em polos metropolitanos na habitação, é uma missão crescentemente árdua", admitiu.

Marcelo Rebelo de Sousa revela, no entanto, "esperança" na resolução dos problemas, mas num tom de novo aviso para o Governo: "Se não é agora que há razões para forçar e retemperar com urgência a esperança, quando haverá?".

Bem mais duro nas palavras foi o reitor da Universidade de Lisboa, Luís Ferreira, que deixou um caderno de encargos para o Governo: mudanças no financiamento do ensino superior e melhores salários para os jovens.

"De nada serve darmos bolsas aos jovens se não lhes dermos vidas. De nada serve diminuirmos os impostos a pagar, se não lhes dermos salários condignos", atirou.

O reitor pede "mais exigência" e "coragem" ao Governo, numa altura em que, afirma Luís Ferreira, "Portugal está a perder milhares de jovens qualificados".

Francisco Nascimento