Mundo

Sakineh pode ser executada hoje por adultério mesmo sendo viúva

Sakineh Ashtiani Direitos Reservados

Sakineh Ashtiani pode ser executada esta quarta-feira, depois da autorização dada pelo Supremo Tribunal do Irão. Várias vozes em todo o mundo já manifestaram a sua oposição.

O filósofo francês Bernard-Henri Lévy publicou na sua revista, Regle du Jeu, o teor duma carta do Supremo Tribunal do Irão. Sakineh foi condenada em 2006 por manter relações ilícitas com dois homens depois de ter ficado viúva, o que, segundo a lei islâmica, também é considerado adultério. Primeiramente, a pena foi de 99 chicotadas, depois convertida em morte.
 
A notícia publicada por Bernard-Henri Lévy trouxe a condenação internacional, até da Casa Branca.

O filósofo repetiu que este é um «crime abominável», que deve ser impedido nestas últimas horas que restam, e defendeu que Sakineh Ashtiani deve ser um exemplo para todas as mulheres oprimidas do mundo.

Se ela for executada, nenhum Chefe de Estado ou diplomata poderá olhar nos olhos de dirigentes do Irão, advertiu.

Bernard-Henri Lévy acrescentou que se a iraniana for executada é preciso começar uma segunda campanha para o rompimento das relações diplomáticas com o Irão e falou ainda num apartheid sexual no Irão.

A noticia da execução teve um efeito mobilizador imediato. Em muitas capitais, movimentos de mulheres foram para a porta das embaixadas do Irão e disseram "não" a esta pena de morte.

Em Paris, Sihem Habchi, presidente da organização Ni Putes Ni Soumises, disse que todas as nações devem usar «toda a força para defender esta mulher» e apoiá-la, porque se ela for executada é a nossa liberdade que está em causa.

Também a presidente do Comité Internacional contra a Lapidação, que vive na Alemanha, disse ao correspondente da TSF José Belchior que está confiante no futuro.

«Hoje foi um dia muito importante» porque várias instituições, como o Parlamento Europeu, protestaram contra esta execução. «Estou muito optimista e penso que temos hipóteses de evitar o pior», afirmou Mina Ahadi, opositora ao regime iraniano refugiada na Alemanha desde 1996.

Se Sakineh Ashtiani for executada, será quando menos se espera, advertiu. Pelo contrário, acrescentou, se aumentar a pressão internacional contra o regime iraniano, ela poderá até ser libertada.

Contactado pela TSF, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português disse estar a acompanhar a situação e acrescentou que de cada vez que há encontros entre as duas partes, Portugal e Irão, este assunto é discutido.