Sociedade

Militares mal pagos e desvalorizados abandonam fileiras. Exército exige "equidade"

Nuno Pinto Fernandes/ Global Imagens

As Forças Armadas perderam 738 efetivos este ano.

O vice-chefe de Estado-maior do Exército, acredita que a desmobilização das fileiras das Forças Armadas tem origem nos baixos salários e na pouca valorização da carreira militar.

"O que faz falta é olhar realmente para a instituição militar com olhos de equidade", afirmou o tenente-geral Xavier de Sousa em Estremoz, durante as comemorações dos 316 anos do Regimento de Cavalaria n.º3, exibindo a folha salarial dos militares, que está abaixo dos 900 euros.

"Comparem com os outros, comparem com os outros com as forças de segurança, por exemplo, e vejam. Quais são as diferenças?"

"Acha que o militar, que tem uma carreira contributiva baseada neste pouco valor vai ficar nas fileiras? Quando sabe que, realmente, a sua reforma é feita com base na sua carreira contributiva, portanto, daquilo que ganha", lamenta.

As Forças Armadas perderam 134 efetivos no segundo trimestre deste ano, elevando para 738 a redução de militares durante 2023, alertou esta semana a associação de oficiais (AOFA).

Segundo a associação, entre 2011 e o segundo trimestre deste ano, o número de efetivos nas Forças Armadas passou dos 34.514 para 23.558, ou seja, menos 10.956 militares.

Em agosto, a ministra da Defesa reconheceu existirem dificuldades em Portugal e noutros países no recrutamento de militares, mas assegurou que o Governo está a trabalhar para atrair e reter efetivos.

Roberto Dores com Carolina Rico