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UE e países ACP assinam novo Acordo de Parceria para os próximos 20 anos

High Representative of the European Union for Foreign Affairs and Security Policy Josep Borrel gestures as he speaks during a plenary session on the situation in Afghanistan at the European Parliament in Strasbourg, on September 14, 2021. (Photo by JULIEN WARNAND / POOL / AFP) AFP

"O facto de tantos países se poderem reunir e concordar em unir forças para enfrentar os desafios globais abre uma porta ao otimismo", afirma Josep Borrel.

A União Europeia e a Organização dos Estados de África, das Caraíbas e do Pacífico (OACPS) assinaram esta quarta-feira o Acordo de Parceria que servirá de quadro para as relações entre os dois blocos durante os próximos 20 anos.

O Acordo de Samoa, que sucede ao Acordo de Cotonou, abrange temas como desenvolvimento e crescimento sustentáveis, direitos humanos, paz e segurança, e serve de chapéu a programas e iniciativas abrangidas pelo Instrumento de Vizinhança, de Cooperação para o Desenvolvimento e de Cooperação Internacional - Europa Global (IVCDCI), com uma dotação financeira total de cerca de 79,5 mil milhões de euros até 2027.

O acordo tem aplicação provisória com início em 1 de janeiro de 2024 e entrará em vigor após aprovação pelo Parlamento Europeu e ratificação pelas partes, ou seja, todos os Estados-Membros da UE e, pelo menos, dois terços dos 79 membros da OACPS.

Pilar Cancela Rodríguez, secretária de Estado para a Cooperação Internacional espanhola, uma das cossignatárias do acordo em nome da UE, sublinhou "o momento difícil para uma ação global conjunta e uma abordagem multilateral" em que o texto é assinado, mas considerou que o acordo "mostra que grupos muito grandes e diversos de países podem chegar a acordo sobre medidas concretas para aprofundar parcerias" e "construir um futuro comum", de acordo com um comunicado emitido pela UE.

Jutta Urpilainen, comissária responsável pelas Parcerias Internacionais, negociadora principal da UE, coassinou o acordo em nome da UE e o diplomata angolano George Chikoti, secretário-geral da OEACP, apôs a assinatura que vincula o bloco, numa cerimónia que contou com a presença do Josep Borrell, Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, e do copresidente da Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE, o eurodeputado socialista Carlos Zorrinho.

A UE comprometeu-se a "fazer tudo o que estiver ao seu alcance para aproveitar o poder coletivo das quatro regiões" abrangidas pelo acordo, recordando que "foram lançados pacotes de investimento ambiciosos no âmbito do Global Gateway nas três regiões [África, Caraíbas e Pacífico]" e que está "empenhada em implementá-los", nos termos de Urpilainen, citada no comunicado.

"Num momento em que o multilateralismo está em perigo, o facto de tantos países se poderem reunir e concordar em unir forças para enfrentar os desafios globais abre uma porta ao otimismo", sublinhou, pelo seu lado, Josep Borrel.

Os 27 estados-membros da UE e os 79 países de África, Caraíbas e Pacífico representam, no seu conjunto, cerca de dois mil milhões de pessoas e mais de metade dos assentos na Assembleia Geral das Nações Unidas.

O novo acordo oferece um quadro de conduta e prioridades para responder a necessidades emergentes e desafios globais, como as alterações climáticas, governação dos oceanos, migração, saúde, paz e segurança.

O acordo inclui uma base comum, que se aplica a todas as partes, combinada com três protocolos regionais e respetivas arquiteturas institucionais para África, Caraíbas e Pacífico, centrados nas necessidades específicas de cada região.

Lusa