Mundo

Ucrânia. UE falha unanimidade para apoio de 50 mil milhões

Photo by ALEXANDRE LALLEMAND on Unsplash

Charles Michel vai agendar nova cimeira "no início do próximo ano", para tentar acordar com os 27 Estados-membros.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou, na madrugada desta terça-feira, em Bruxelas, "um apoio forte", na União Europeia, à negociação que permitirá reunir apoio financeiro para a Ucrânia. Mas, Michel reconhece a ausência de unanimidade.

"26 líderes concordaram com a negociação em todas as componentes", anunciou o presidente do Conselho Europeu, assinalando a falta do apoio de um dos representantes nacionais, neste caso Viktor Orban.

Charles Michel acrescentou que a Suécia tem como "procedimento habitual" a necessidade de "consultar o seu parlamento", mas o Governo está de acordo com cada um dos aspetos da discussão que esteve em cima da mesa.

No entanto, "um outro líder não conseguiu chegar a acordo sobre esta negociação", anunciou Charles Michel, a referir-se à Hungria. O presidente do Conselho Europeu entende que "isto significa", porém, que "existe um forte apoio a todas as componentes desta negociação", que foi "expresso por 26 dirigentes".

"São todas as prioridades. E, isto é importante: apoio à Ucrânia, migração, solidariedade, fundo, defesa. Tudo isto faz parte deste quadro negocial e significa que voltaremos a este assunto no início do próximo ano e tentaremos obter unanimidade", avançou.

Charles Michel sublinhou que, no primeiro dia da reunião em Bruxelas, foi fechado um primeiro acordo que "surpreendeu todos", ao ser dada luz verde para a abertura de negociações com a Ucrânia para adesão à União Europeia.

O acordo foi, no entanto, fechado sem a participação da Hungria, que se absteve na votação, permitindo a deliberação do Conselho Europeu sobre a matéria com a qual "não concorda", pois, no seu entender, trata-se de "uma má decisão".

Mas, o presidente do Conselho Europeu considera que é antes "um sinal político muito importante" e "uma decisão política muito poderosa", também "muito importante para a credibilidade da União Europeia".

Falta agora fechar a negociação para a revisão do quadro financeiro plurianual, de onde deverão sair verbas para garantir a estabilidade financeira da Ucrânia, através de um montante de 50 mil milhões de euros, dos quais uma parcela de 17 mil milhões são atribuídos a fundo perdido e o restante a título de empréstimos.

Charles Michel acredita que há margem para conseguir um acordo a 27, para manter a ajuda a Ucrânia no âmbito do quadro financeiro plurianual, sendo, para já, rejeitada uma segunda opção, que passaria por fechar um acordo alternativo, apenas com 26 dos Estados-membros.

"Lembro-me das barreiras que tínhamos para o orçamento inicial, há cerca de quatro anos", recordou, frisando que, naquela altura, "passámos quatro dias e quatro noites aqui em Bruxelas".

"Agora, em poucas horas, conseguimos fazer uma proposta equilibrada com um amplo apoio político que mostra que estamos a falar a sério, que mostra que queremos ser credíveis e que queremos fazer tudo para proteger e defender o nosso interesse fundamental e para proporcionar mais estabilidade", sublinhou.

* Notícia atualizada às 08h05

João Francisco Guerreiro, correspondente da TSF em Bruxelas