Sociedade

Sindicato dos Jornalistas pede intervenção da PGR sobre situações na Global Media

O Sindicato de Jornalistas espera que se investiguem as "burlas" e a "gestão danosa" Gustavo Bom / Global Imagens

O Sindicato dos Jornalistas diz considerar existirem indícios de matéria com relevância penal que merecem ser investigados.

O Sindicato dos Jornalistas vai entregar esta sexta-feira na Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido para que sejam investigadas situações relacionadas com o Global Media Group, que tem a decorrer um processo de rescisões até 10 de janeiro.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Luís Simões, acaba de explicar as razões desta iniciativa.

"É tanto mistério que nós entendemos que as autoridades devem perceber que crimes é que foram cometidos, se é que foram cometidos, e o que é que na verdade está a acontecer. É importante dizer às pessoas que está aqui em causa a liberdade de imprensa, está aqui em causa até a democracia e não podemos propriamente brincar com um grupo como este, que é tão valioso, é um património tão valioso para a sociedade portuguesa. Parece-nos tudo tão misterioso, trocas de acusações de um lado para o outro. É importante que se esclareça tudo e essa será a primeira preocupação do Sindicatos dos Jornalistas, vamos esclarecer tudo. Se foram praticados crimes vamos investigá-los, é na verdade isso que queremos", defendeu à TSF Luís Simões.

O responsável do sindicato alega existirem matérias com relevância penal que merecem ser investigadas para defesa dos superiores interesses dos jornalistas do Global Media Group, do jornalismo e da importância que este grupo tem no espaço mediático. Além disso, a estrutura sindical dos jornalistas lembra que este é um assunto sensível para a democracia e garantia de direitos e liberdade, merecendo, por isso, atenção do Ministério Público.

"Todos dos dias vemos esta comissão executiva a delapidar até o património do grupo e, portanto, esperamos que sim, que seja aberto um inquérito, porque se foram praticados crimes é importante saber quem os praticou e saber de que forma isso está a afetar os trabalhadores da Global. Neste momento há trabalhadores que não recebem os seus salários e queremos perceber se uma coisa tem a ver com a outra", acrescentou o presidente do SJ.

Em comunicado divulgado, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) diz considerar existirem indícios de matéria com relevância penal que merecem ser investigados.

"Na defesa dos superiores interesses dos jornalistas do GMG, do jornalismo e da importância que este grupo tem no espaço mediático, consideramos que é nossa obrigação suscitar a ação da PGR num assunto que é sensível para a democracia e a garantia de direitos e liberdades", é referido na nota.

Com esta ação, o SJ espera que se investiguem as "burlas", a "gestão danosa" e os "procedimentos à margem da lei" de que fala o presidente da Comissão Executiva (CE) do Global Media Group (GMG), José Paulo Fafe.

Na terça-feira, a Comissão Executiva do Global Media Group (GMG), liderada por José Paulo Fafe, acusou os outros acionistas de protagonizarem situações "ética e moralmente condenáveis", que contribuíram para a situação atual da empresa de media.

Num texto publicado numa 'newsletter' interna, a que a Lusa teve acesso, os administradores disseram que "ao longo destes pouco mais de três meses, desde que esta Comissão Executiva entrou em funções, raro é o dia" em que não é apanhada "de surpresa por factos e procedimentos que fizeram parte deste grupo ao longo dos últimos anos e que, sem margem para dúvidas, roçam a fronteira daquilo que pode ser considerada uma gestão pouco transparente e irresponsável".

Na nota de hoje, o SJ manifesta ainda solidariedade com os trabalhadores do GMG, que estão com o salário de dezembro e o subsídio de Natal em atraso.

"Estamos em diálogo constante com os delegados sindicais dos "Jornal de Notícias", da TSF, do "Diário de Notícias" e do desportivo "O Jogo" e solidários com a difícil situação que estão a viver", indica o SJ.

Em 06 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva da GMG, liderada por José Paulo Fafe, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar "a mais do que previsível falência do grupo".

A Global Media informou os trabalhadores em 28 de dezembro de que não tinha condições para pagar os salários referentes ao mês de dezembro, sublinhando que a situação financeira é "extremamente grave".

O programa de rescisões na Global Media termina em 10 de janeiro, dia para o qual também foi convocada uma greve dos trabalhadores do grupo.

As redações do Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), TSF e O Jogo aprovaram em 29 de dezembro a realização de uma greve em 10 de janeiro, depois de a administração do grupo ter informado os trabalhadores de que não tinha condições para pagar os salários referentes a dezembro.