Mundo

Irão garante que não tem acesso a urânio altamente enriquecido

Morteza Nikoubazl/NurPhoto via AFP (arquivo)

O paradeiro de 408 quilos de urânio enriquecido a 60% permanece uma incógnita e constitui motivo de tensão com o Ocidente

O Irão não tem acesso ao urânio altamente enriquecido que estava armazenado em instalações atacadas por Israel e pelos Estados Unidos em junho, afirmou esta terça-feira o Governo iraniano.

“Sobre o urânio, tal como disse em várias ocasiões o ministro dos Negócios Estrangeiros, (…), não temos acesso a esse material”, disse a porta-voz do Governo, Fatemeh Mohajerani, durante uma conferência de imprensa em Teerão.

“Está num local ao qual não conseguimos aceder”, acrescentou, citada pela agência de notícias espanhola EFE.

O paradeiro de 408 quilos de urânio enriquecido a 60% permanece uma incógnita e constitui motivo de tensão com o Ocidente.

Os países ocidentais suspeitam de que terá sido transferido antes dos bombardeamentos israelitas e norte-americanos contra as centrais nucleares iranianas durante a guerra de 12 dias com Israel em junho.

O Irão não permite que a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) inspecione as três instalações atingidas, Fordow, Natanz e Isfahã.

A agência nuclear da ONU admite que o material possa encontrar-se sob os escombros.

A questão preocupa particularmente o Reino Unido, a França e a Alemanha, o chamado E3, que ativaram a 28 de agosto o mecanismo de reposição das sanções da ONU.

Caso não seja alcançado um acordo até sábado, 27 de setembro, as sanções poderão ser retomadas.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas rejeitou na sexta-feira o levantamento permanente das sanções internacionais impostas a Teerão no âmbito do acordo nuclear de 2015, do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018.

As potências europeias acusam o Irão de não cumprir os compromissos assumidos no pacto quanto à limitação do programa nuclear, enquanto Teerão afirma que o E3 também não honrou as suas obrigações.

O chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, reúne-se esta terça-feira, em Nova Iorque, com os chefes da diplomacia do E3 e da União Europeia, Kaja Kallas, e com o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, numa tentativa de desbloquear a situação.

O E3 ofereceu a Teerão a possibilidade de adiar a reativação das sanções se o país retomar a cooperação com a agência nuclear da ONU, interrompida após a guerra de junho com Israel.

Teerão deve também esclarecer o destino dos 408 quilos de urânio enriquecido e regressar às negociações com Washington.

Até agora, as duas partes não chegaram a consenso.

Lusa