Política

Rui Rocha queria compromisso, Ventura recusou. O "socialismo" do Chega e o "partido dos ricos"

André Ventura e Rui Rocha foram os protagonistas de um debate aceso na antecâmara das legislativas.

O compromisso estava escrito e faltava apenas a assinatura de André Ventura. Rui Rocha desafiou o líder do Chega a assinar um compromisso para viabilizar um Governo minoritário do PSD com a Iniciativa Liberal (IL), Ventura recusou e subiu o tom.

No debate entre os dois líderes partidários, Rui Rocha rejeitou entrar para um Governo com partidos “estadistas e socialistas”, numa referência ao Chega, tentando colar André Ventura a políticas protagonizadas pelos partidos à esquerda.

No compromisso proposto por Rui Rocha, lia-se que Ventura comprometia-se “a retirar o PS do poder” viabilizando um Governo “para transformar Portugal”, porque “André Ventura nunca assumiu uma posição” sobre o assunto.

André Ventura vê, por outro lado, “a IL doidinha para se meter na cama com o PSD ou com qualquer outro partido”. “Para nós, ou há descida de impostos e combate à corrupção ou nãos estamos juntos”, acrescentou o líder do Chega.

Perante estas palavras, Rui Rocha lamentou que Ventura “nunca se assuma perante nada” e concluiu: “Um voto no Chega é um voto no PS”.

Ventura “quer andar em todos os carrosséis”

Colar André Ventura às políticas socialistas foi a estratégia que Rui Rocha levou a debate, desde logo, aludindo à posição dúbia do Chega quanto à privatização da TAP, mas também pela proposta do partido para aumentar todas as pensões para o valor do salário mínimo nacional.

“É uma medida que tem um custo de sete a nove mil milhões de euros. Isto é socialista. Isto é enganar os idosos e não vale tudo. Em democracia não vale tudo”, atirou Rui Rocha.

Na resposta, André Ventura defendeu que os liberais se esquecem dos portugueses e são apenas “o partido dos ricos”, refutando a ideia de que o aumento das pensões é uma solução de esquerda (e a IL "só se compromete com a banca").

“Não aceito viver num país em que os pensionistas recebem 200 ou 300 euros e estejamos contentes com os espanhóis a receber 600 ou com os franceses a receber 1200. Isto não é ser de direita ou de esquerda”, disse. E acrescentou: “O que a IL faz é estar desligada do país real”.

Rui Rocha foi mais longe e comparou André Ventura “a uma daquelas crianças que vai a um parque de diversões e quer andar em todos os carrosséis”, ou seja, “quer aumentar tudo e todos”. Para o presidente da IL, as propostas que o Chega apresenta não passam de uma "enorme aldrabice".

Francisco Nascimento