Estamos no coração de uma região verdadeiramente prodigiosa, nesta altura coberta de cogumelos de vários tipos, a que na Casa da Esquila o biónico chef Rui Cerveira dá o devido destino. Tem o raro condão de fazer tudo bem feito e é um cozinheiro de mão cheia e virtuosa.
Há duas salas ao dispor dos comensais, uma mais popular, outra alinhada com uma filosofia gourmet, orientada para refeições vagarosas de degustação. Na qualidade estão ambas bem equipadas, sai-se sempre bem disposto desta casa. A refeição pode começar por um reconfortante creme de legumes do Casteleiro, com a produção da horta a ficar ao rubro e a mostrar bem os seus trunfos.
A cozinha da Esquila é requintada e as suas artes vão bem além do simples creme de legumes. Entre as muitas entradas, é difícil resistir à tentação de um folhado de camarão, servido com uma curiosa e saborosa salada de citrinos. Há um bacalhau confitado com puré de grão e salada de abacate que deve provar e mostra o talento e o poder inventivo do chef Cerveira.
No leitão com puré de boletos mostra como sabe tratar bem os seus clientes, compensando-os com trabalho notável de afinação de acompanhamento de grande nível. Igualmente copioso é o cabrito assado com legumes, que nos marca a memória para sempre, tal a riqueza de texturas e aromas. O milho com gambas e bacalhau é criação do chef Rui Cerveira e alimenta-se de grande tradição beirã do grande cozinheiro. Trata-se de um gratinado de forno que cumpre o desígnio das preparações caseiras com o aprimoramento das ervas aromáticas que só está ao alcance dos grandes.
E como acaba a refeição? Com um belo leite-creme sem farinha, como mandam os cânones de boa pastelaria. Aqui o chef Cerveira reparte alegremente os seus créditos com a biónica Susana Martins, chef de pastelaria. Tem contribuído com grandes criações e é uma excelente segunda linha em todas as tarefas de cozinha. Equipa vencedora, sem dúvida.