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Perante "retórica internacional tensa", Fórum Global da Aliança das Civilizações pretende "criar pontes"

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel Diogo Batista/Lusa

À TSF, Paulo Rangel considera que este encontro, onde marca presença António Guterres, "é uma oportunidade com países que, muitas vezes, estão excluídos do diálogo internacional para justamente criar caminhos de diálogo"

"Criar pontes" entre partes em conflito é o objetivo do Fórum Global da Aliança das Civilizações, explica à TSF o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. Trata-se de um órgão patrocinado pelas Nações Unidas que promove o diálogo entre culturas e entre religiões. 

"Criou-se, de facto, um clima de tensão, de desconfiança entre muitos Estados, porque há esses conflitos, porque há uma retórica internacional muito tensa, e, portanto, um espaço de diálogo com estas características — em que teremos 1200 participantes, cerca de 40 ministros dos Negócios Estrangeiros, dois chefes de Estado, com o Presidente da República, o Rei de Espanha e o Presidente de Cabo Verde — teremos aqui uma oportunidade com países que, muitas vezes, estão excluídos do diálogo internacional ou não estão tão ativos para justamente criar caminhos de diálogo."

O secretário-geral das Nações Unidas vai estar neste fórum. António Guterres tem sido alvo de críticas por parte de Israel e por parte da Ucrânia, acusações que o chefe da diplomacia portuguesa diz não serem aceitáveis.

"Temos sido críticos e temos censurado aqueles que, a cada momento, em função de circunstâncias muito marcadas pela conjuntura, procuram fechar canais e pontos de diálogo com Guterres e, portanto, mesmo em situações de grande tensão, mesmo quando estamos a falar de países que não estão a cumprir com o direito internacional, no caso da Rússia, um secretário-geral das Nações Unidas é a única entidade que, pelo menos, deve sempre ter capacidade de diálogo com todos", argumenta Paulo Rangel.

O 10.º Fórum Global da Aliança das Civilizações das Nações Unidas irá realizar-se em Cascais, distrito de Lisboa, arrancando esta segunda-feira e terminando na quarta-feira, 27 de novembro.  

Segundo uma nota divulgada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa irá intervir "na cerimónia oficial de inauguração, no dia 26, às 10h00, juntamente com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o Rei de Espanha, Felipe VI, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Hakan Fidan, e o alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações, Miguel Ángel Moratinos".

Refere ainda que "a Aliança das Civilizações tem por missão promover o diálogo intercultural e inter-religioso, bem como combater os extremismos numa lógica de prevenção de conflitos", e "foi copatrocinada por Espanha e Turquia em 2004, e formalizada pelo então secretário-geral da ONU Kofi Annan, que nomeou o ex-Presidente português Jorge Sampaio como primeiro alto representante, cargo que este exerceu de 2007 a 2013".

TSF