Sociedade

Chegada da Digi a Portugal. Quem dá menos na guerra das telecomunicações?

Pixabay

A chegada da Digi abriu uma guerra da concorrência de três contra um: as grandes operadoras — MEO, NOS e Vodafone — estão a baixar preços como nunca, mas só nas versões 'low cost' e, tendencialmente, só com o que a Digi oferece e só onde tem rede

Num mercado habituado a funcionar a três, com preços semelhantes, não foi preciso nem um mês para mudar muita coisa.

António Alves, especialista em telecomunicações da DECO PROteste, comenta, em declarações à TSF, que "desde logo confirmou-se que apesar do que nos garantiam há anos, afinal, sempre era possível fazer ofertas melhores". Melhores e também sem fidelização ou com curtos prazos, em muitos casos, como faz a operadora romena que já está também em Espanha e em Itália.

Vodafone, MEO e NOS mantêm os seus pacotes de serviços clássicos, dentro dos preços antigos, mas sobretudo "reativaram" as marcas das respetivas low cost: Amigo, Uzzo e Woo. É através destas versões com menos canais de televisão que a oferta se aproxima da disponibilizada pela Digi.

Mas a Digi acaba de chegar e tem limitações. "Só tem cobertura fixa nos grandes centros, no litoral e no Algarve. A rede móvel de 4G chega a mais de 90% da população, mas a 5G está muito aquém das ofertas dos grandes operadores", aponta António Alves.

O curioso é que a concorrência faz-se tão taco a taco que as low cost dos grandes operadores tendem a só ter pacotes de serviços concorrenciais para os clientes que já podem optar pela Digi.

Acontece algo idêntico com o número de canais de televisão oferecidos. Os grandes operadores nacionais encurtam a oferta, exatamente à medida das restrições que a Digi tem.  

O grupo romeno ainda está a negociar, por exemplo, canais como a SIC Notícias ou a Nowo, e a concorrência também não oferece esses canais. Ficam para as marcas principais que justificam assim os preços mais altos.

Contactadas pela TSF tanto a Autoridade Nacional das Comunicações como a Autoridade da Concorrência garantem estar a seguir o mercado com muita atenção.

Até ao momento, as queixas sobre a Digi que chegaram à ANACOM têm a ver com alguma dificuldade em responder à procura.

Dora Pires