Política

Montenegro responde a acusações de Pedro Nuno sobre plano para a saúde: "Não tem pés, nem cabeça"

Manuel Fernando Araújo/Lusa

O secretário-geral do PS questionou o Governo sobre se alguma empresa privada na área da consultoria esteve envolvida na elaboração do plano de emergência para a saúde. Luís Montenegro afirma que são acusações que não têm sentido

O primeiro-ministro respondeu, este domingo, a Pedro Nuno Santos, que acusou o Governo de ter contratado uma consultora privada para elaborar o plano de emergência para a saúde. Luís Montenegro afirmou que são acusações sem sentido.

"Eu não vou estar a fazer apreciações políticas, mas isso não tem pés nem cabeça", atirou.

No sábado, o secretário-geral do PS questionou o Governo se alguma empresa privada na área da consultoria esteve envolvida na elaboração do plano de emergência para a saúde, como foi contratada e a que informação do SNS teve acesso. "Há uma pergunta que, já agora, gostaria de fazer ao Governo: aparentemente, tiveram a consultoria de uma empresa privada - eu digo aparentemente, por isso é que é uma pergunta - se este plano de emergência da saúde foi construído pelo Ministério da Saúde em parceria com alguma empresa privada", questionou Pedro Nuno Santos na reta final da sua intervenção no comício das europeias que decorreu, no sábado, no Porto.

No mesmo dia, o Governo admitiu ter contratado uma consultora privada para "organizar e estruturar" o trabalho da task force responsável pelo Plano de Emergência da Saúde, sublinhando que a empresa tem trabalhado com o Ministério da Saúde "nos últimos anos". Numa nota enviada à Lusa, o gabinete da ministra da Saúde explicou que "para organizar e estruturar os contributos/trabalho da task force foi contratada uma consultora privada, a IQVIA Solutions, que faz parte da bolsa de consultoras que tem trabalhado com o universo Ministério da Saúde nos últimos anos".

No comunicado, o Ministério acrescentou que o Plano de Emergência da Saúde foi concebido pelo gabinete da ministra e realizado por uma 'task force' "composta por um conjunto de peritos de diferentes áreas da saúde, coordenada por Eurico Castro Alves", sendo que nenhum dos elementos teve "qualquer remuneração".

"O Governo apresentou um plano de emergência transformação na área da saúde, cujo conteúdo é não só de emergência, como é também de transformação estrutural. Isso é que é importante", sublinhou ainda Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas em Espinho, onde esta manhã votou antecipadamente as eleições europeias.

O primeiro-ministro estreou-se, este domingo, no voto antecipado, esperando que este mecanismo seja desenvolvido no futuro. "Toda a experiência que acumulei, primeiro com a inscrição, e agora com o voto, permite-me dizer que futuramente devemos desenvolver este mecanismo para poder dar a todos a oportunidade de participarem", referiu.

Relativamente ao voto em mobilidade na próxima semana, Montenegro admitiu que pode haver alguns problemas, mas assegurou que o Governo está a fazer tudo para evitar essas situações.

"Estamos há muitas semanas focados em tentar minimizar - para não dizer mesmo eliminar - essa possibilidade de problemas. Estamos a falar de uma operação que é gigantesca. É a primeira vez que vamos ter a informatização total dos ficheiros e a necessidade de, em cada mesa de voto, haver um ficheiro acessível para identificar qualquer eleitor de todo o país. Portanto, isto implica, do ponto de vista logístico, uma grande operação, também do ponto de vista da dedicação das pessoas que se disponibilizaram para prestar serviço nas mesas de voto alguma paciência que, numa ou noutra ocasião, seja necessária para ultrapassar uma ou outra circunstância que é passível de ocorrer", explicou. 

Quanto à campanha, Luís Montenegro fez um balanço positivo e disse que nunca se discutiram tanto os temas europeus. "Vejo com naturalidade, por um lado, mas também com bons olhos, por outro, que a campanha tem, desta vez, estado mais centrada nas questões que verdadeiramente estão em cima da mesa, que é a escolha dos representantes portugueses no Parlamento Europeu."

O chefe do Governo notou que "tem havido objetivamente, quer nos debates, quer nas entrevistas, quer nas intervenções dos candidatos de uma forma generalizada, uma preocupação de deixarem ideias, propostas, reflexões sobre os instrumentos que hoje estão à disposição de todos os órgãos europeus, mas em particular do Parlamento Europeu".

"Claro está que não é exclusivamente isso que se tem falado na campanha, já sabemos que há depois outros temas que acabam por ter tratamento, mas olhando para a experiência dos últimos anos não me lembro de uma campanha para o Parlamento Europeu, onde as questões europeias tenham sido alvo de uma apreciação das candidaturas tão profunda como esta. Isso é bom", acrescentou.

Carolina Quaresma