Deverão chegar esta quarta-feira à região mais 45 operacionais do continente
O incêndio da Madeira progrediu e atingiu o Pico Ruivo na terça-feira, mas a propagação das chamas nesta zona acalmou durante a noite.
"O fogo acalmou bastante nesta vertente norte do Pico Ruivo, o que nós estamos agora a tentar perceber é se haverá ou não condições para o helicóptero fazer o combate agora nestas primeiras horas da manhã, porque seria fundamental para tentar conter a descida do fogo. É de acesso muito difícil, são vertentes íngremes", explica à TSF o presidente da câmara de Santana, Márcio Dinarte.
Durante a noite, as autoridades foram obrigadas a retirar uma pessoa e quatro bombeiros.
"Existe uma casa de abrigo no Pico Ruivo, onde ia pernoitar um trabalhador dessa mesma casa. Por volta das 22h00, foram enviados para lá quatro elementos dos bombeiros para fazer alguma segurança e também alguma monitorização naquela zona, mas depois, perto da meia-noite, apercebemo-nos que o fogo estava a envolver toda aquela zona, inclusive a casa, portanto, tivemos de retirar os homens que lá estavam para segurança deles próprios", acrescenta.
A Proteção Civil regional pediu um novo reforço de mais 45 operacionais do continente, que deverá chegar esta quarta-feira à região.
"O pior cenário que temos neste momento é o que decorre da propagação do [fogo] no Curral das Freiras que progrediu pela cordilheira central da região e atingiu o Pico Ruivo. Esta é uma zona muito complexa. Não se consegue atuar nesta zona devido às condições do terreno", adiantou à agência Lusa presidente do Serviço Regional de Proteção Civil.
De acordo com António Nunes, os operacionais estão a tentar conter a progressão para sítios mais problemáticos, encontrando-se no local 11 operacionais, com o apoio de cinco meios.
"Face ao evoluir desfavorável foi solicitado à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil [ANEPC] o reforço de pessoal que veio do continente e está previsto durante o dia de hoje recebermos mais 45 elementos", adiantou.
Segundo António Nunes, terá de ser avaliada a utilização de helicópteros no local.
"A operação dos meios aéreos a estas altitudes é bastante complexa. Não é uma coisa que se faça de forma linear. Nós temos que fazer uma avaliação e ver se os pilotos, o helicóptero, têm capacidade para o fazer, pois ventos àquela altitude são muito erráticos e nós não queremos ter mais um problema com a perda do helicóptero", contou.
No que diz respeito a outras zonas da ilha, segundo António Nunes, na Serra de Água, na Ponta do Sol, o fogo está a evoluir favoravelmente.
"Temos a esperança que se consiga terminar aquela frente durante o dia hoje. No local estão 64 operacionais, com o apoio de 16 meios. No Curral das Freiras, que ontem [terça-feira] era uma preocupação grande devido às residências que ali existem, neste momento não temos qualquer problema. Temos pessoal em prevenção, que fizeram umas linhas de corta-fogo para evitar que este desça a encosta para salvaguarda das habitações", disse.
Cerca das 08h00, estavam no local 22 operacionais, com o apoio de sete meios terrestres.
O incêndio rural na Madeira deflagrou há uma semana, dia 14 de agosto, nas serras da Ribeira Brava, propagando-se na quinta-feira ao concelho de Câmara de Lobos, e, já no fim de semana, ao município da Ponta do Sol.
Nestes oito dias, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos, e da Furna, na Ribeira Brava.
O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento, agora mais reduzido, e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas e infraestruturas essenciais.
Três bombeiros já receberam assistência hospitalar por exaustão e sintomas relacionados com "mal-estar e indisposição", não havendo mais feridos.
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais, indicados pelo presidente do Serviço Regional de Proteção Civil, António Nunes, apontam para 4392 hectares de área ardida até às 12h00 de terça-feira.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, diz tratar-se de fogo posto.