Rui Tavares rejeita ter "medo de aparições", como a do antigo primeiro-ministro, e disse "não acreditar em fantasmas".
O porta-voz do Livre, Rui Tavares, considerou esta segunda-feira "indesculpável" as palavras do antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho sobre migração, argumentando que denotam "uma ignorância muito grande em relação aos dados e factos no terreno".
"Os dados são muito claros, somos um dos países mais seguros do mundo (...) É mais fácil encontrar gente com cadastro, suspeita de crimes, alguns deles violentos, nas listas de certos partidos políticos nestas eleições do que entre os imigrantes. A taxa é certamente mais alta e alguém deveria fazer essas contas", afirmou o porta-voz do Livre.
Questionado se a presença do antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho na campanha poderia ser "uma má influência" para o líder da Aliança Democrática (AD), Rui Tavares rejeitou ter "medo de aparições" e disse "não acreditar em fantasmas".
"Pedro Passos Coelho veio clarificar uma coisa, que é que afinal, na lógica dele, não há uma direita democrática e uma direita que esteja excluída, existe só uma direita que está mais radicalizada", observou.
Comparando Pedro Passos Coelho a Manuel da Silva Passos, mais conhecido por Passos Manuel e que fora ministro durante o século XIX, Rui Tavares defendeu que "Portugal não pode ser só o país de dinheiro fácil, imobiliário de luxo e do turismo de massas".
"Tem de ser um país da valorização das pessoas, conhecimento e território", observou, esclarecendo que para isso é necessário o aumento dos salários e o fortalecimento da Segurança Social.
"O Livre não diz que isto se faz de um dia para o outro, mas os atalhos que nos andam a propor a direita são truques", afirmou, referindo-se à baixa de impostos proposta por alguns partidos.
Acompanhado pelos cabeças-de-lista do Livre pelo Porto e de uma pequena comitiva, Rui Tavares conheceu esta segunda-feira alguns dos projetos que estão a ser desenvolvidos pelo CEiiA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento do Produto em áreas como a mobilidade, descarbonização e aeronáutica.
Entre veículos elétricos e satélites, o porta-voz do Livre defendeu a necessidade de em Portugal se criar um centro nacional de transferência de conhecimento que envolva equipas multidisciplinares de especialistas, mas também a comunidade local, associações e autarquias.
"Portugal do futuro já existe, não está é completamente distribuído", referiu, considerando que estas iniciativas ajudam a reter conhecimento e a potenciar o país.
Por outro lado, o porta-voz do Livre insistiu ainda que os partidos de direita têm de "jogar limpo" e esclarecer se votariam uma moção de rejeição, apresentada pelo Chega, a um governo de esquerda para não haver "surpresas" após as eleições.
"Creio que a direita portuguesa tem de nos esclarecer, tem de jogar limpo com os concidadãos. Ontem [segunda-feira] questionei a IL e a AD se votariam a favor de uma moção de rejeição apresentada pelo Chega a um governo apoiado pela esquerda (...) Acontece que tanto Luís Montenegro como Rui Rocha não conseguiram responder a esta pergunta muito simples", afirmou Rui Tavares, dizendo não querer "surpresas no dia 11 de março".
"Se as pessoas votarem com o conhecimento de causa, o voto é legítimo e do nosso lado será respeitado, gostemos ou não gostemos. Agora, outra coisa é haver aqui esconderijos e depois no dia 11 [de março] dizerem que afinal votam com a extrema-direita para mandar abaixo um governo de esquerda", acrescentou.